O Presidente angolano justificou esta terça-feira a nomeação de cinco novos membros do Conselho da República, entre as quais a de uma jornalista, por considerar que não existe democracia sem liberdades de pensamento, expressão e de imprensa.
João Lourenço teceu esta terça-feira breves considerações na cerimónia de tomada de posse de cinco novos membros para o Conselho da República, órgão de consulta do Presidente, que passa a integrar 25 membros ligados às áreas da educação, imprensa, agricultura, ambiente e igreja.
O chefe de Estado angolano disse que foi escolhida a jornalista e activista social Suzana Mendes por considerar que “não existe democracia sem liberdade de pensamento, sem liberdade de expressão, de imprensa”.
“Pensamos que a jovem que foi colocada representa bem a classe jornalística e a necessidade da defesa desses princípios que a nossa Constituição consagra”, frisou.
Sobre a nomeação do académico Filipe Zau, o Presidente angolano disse que o convite foi endereçado por haver noção de que se se pretende desenvolver o país, “os recursos financeiros não são a solução”, mas sim o investimento no homem, na sua formação de qualidade.
“Todos nós reconhecemos que não temos um ensino de qualidade, precisamos de trabalhar, dar este passo, passar da quantidade, dos números de alunos matriculados, começarmos a prestar atenção para a qualidade do nosso ensino. É com docentes de qualidade, com académicos de qualidade, que se fazem estudantes de qualidade”, referiu.
Quanto à área religiosa, o chefe de Estado angolano considerou que a sociedade angolana “tem vindo a perder valores morais nos últimos anos”, justificando assim a entrada da reverenda Deolinda Dorcas Teca.
“E a igreja, em princípio, joga um papel muito importante no resgate desses mesmos valores. Esta é uma luta que é de todos, de toda a sociedade, o resgate dos valores que se vêm perdendo dia-a-dia, mas acreditamos que na linha de frente encontra-se sem sombra de dúvidas a igreja, daí a razão do convite”, salientou.
Já quanto à ambientalista Fernanda Ulombe Samuel, o Presidente angolano disse que foi convidada a jovem ativista pela defesa do ambiente e da conservação da natureza, atendendo ao momento “em que o mundo luta contra as alterações climáticas”, cujas consequências todos conhecem.
“Nos últimos dias, temos vindo a ver os fogos que destroem a Europa e a América, as inundações na Europa, os furacões, ainda ontem passou por Luisiana, Estados Unidos da América, daí a razão de, como exemplo a outras jovens, ter indicado a jovem ativista desta área que é bastante importante para a vida da humanidade, não apenas de Angola, mas toda a humanidade”, disse.
Sobre o agricultor Alfeo Sachiquepa, o chefe de Estado angolano realçou o seu empenho no desenvolvimento da agricultura em Angola, mesmo com exiguidade de recursos e “poucos apoios da banca”.
“O nosso Conselho da República na sua composição já é bastante heterogéneo, mas mesmo assim, desta vez, entendi convidar um verdadeiro empreendedor do sector da agricultura, alguém que com poucos recursos, talvez com poucos apoios da banca, mesmo assim, pelo que temos vindo a ver, tem feito verdadeiros milagres no que à Agricultura diz respeito”, expressou.
De acordo com o João Lourenço, o Governo está a trabalhar para diversificar a economia e no quadro dessa diversificação é dada particular importância à necessidade de se desenvolver a agricultura.
O Conselho da República de Angola é integrado pelo vice-presidente da República, o presidente da Assembleia Nacional, o presidente do Tribunal Constitucional, o procurador-geral da República, os líderes dos partidos políticos e coligações de partido com assento parlamentar, além de entidades convidadas da sociedade civil angolana.