Os líderes da União Europeia voltam a reunir-se num Conselho Europeu, em Bruxelas, esta quinta e sexta-feira, com o Brexit, as relações com África e a pandemia da covid-19 no topo da agenda. O primeiro-ministro britânico tinha ameaçado pôr fim às negociações se não houvesse acordo até 15 de Outubro, mas as posições ainda estão muito distantes.
O Conselho Europeu, em Bruxelas, vai começar, esta quinta-feira à tarde, com um debate sobre as relações futuras com o Reino Unido, a menos de cem dias do fim do período de transição do Brexit e quando o cenário de um “no deal” aparece como o mais provável.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, tinha dado até hoje, 15 de Outubro, a data do “tudo ou nada”, em que estabeleceria com os parceiros europeus se havia ou não condições para a assinatura de um acordo para a futura parceria económica e política entre o Reino Unido e a União Europeia. No entanto, as posições ainda estão muito distantes e os líderes europeus estão preparados para o “no deal”.
Na carta com a agenda da reunião enviada aos chefes de Estado e de governo, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que “os próximos dias serão decisivos” e que “é do interesse de ambos os lados ter um acordo fechado antes do fim do período de transição”. No entanto, ele insistiu que esse acordo “não pode ser alcançado a qualquer preço”, e que a Europa não transigirá na questão das pescas, concorrência e governança.
Em Londres, na última semana, o líder da equipa negocial, David Frost, manifestou a sua convicção de que seria possível alcançar um acordo em breve. Porém, no lado europeu há bastante mais pessimismo com a forma como estão a decorrer as negociações.
Depois do “Brexit”, os líderes europeus vão falar sobre as acções previstas pela UE no combate às alterações climáticas, depois de, em Dezembro do ano passado, o Conselho Europeu se ter comprometido com a meta de a Europa atingir a neutralidade climática até 2050 e de a Comissão ter proposto um novo objectivo intercalar de uma redução de pelo menos 55% das emissões até 2030. Mas alguns países discordam da meta intercalar de 55%.
A pandemia da covid-19 é outro dos temas em agenda. O assunto deverá ser discutido na sexta-feira. Os líderes farão um ponto da situação dos esforços de coordenação ao nível comunitário sobre as medidas que restringem a livre circulação e, por outro lado, a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, dará conta dos progressos no desenvolvimento de uma vacina.
Ainda na sexta-feira, os trabalhos são retomados com uma discussão sobre as relações da Europa com África, tendo em vista a futura reunião com os líderes da União Africana. Na semana passada, o primeiro-ministro português, António Costa, deu como certo que a cimeira entre a União Europeia e a União Africana só se vai realizar em 2021.