Miranda Sarmento justificou a decisão com a “coligação negativa de PS e Chega”. O ainda líder parlamentar dos sociais-democratas desafiou os dois partidos a apresentarem um candidato. Aguiar-Branco teve 89 votos a favor, 134 brancos e sete nulos, não conseguindo o número mínimo de 116 deputados.
O Partido Social-Democrata retirou a nome de José Pedro Aguiar-Branco para a presidência da Assembleia da República.
Joaquim Miranda Sarmento, ainda líder parlamentar dos sociais-democratas, diz que recebu indicações de que o PS e o Chega não mudam o seu sentido de voto e critica o que diz ser “a primeira coligação negativa da nova legislatura”.
Sessão plenária foi novamente interrompida por dez minutos para que seja apresentado um novo nome.
Numa votação secreta, o ex-ministro da Justiça e da Defesa teve 89 votos a favor, 134 brancos e sete nulos, não conseguindo o número mínimo de 116 deputados em 230.
O chumbo causou surpresa, uma vez que esta segunda-feira o líder do Chega, André Ventura, tinha anunciado um acordo com o PSD para assegurar a eleição de Aguiar-Branco.
Joaquim Miranda Sarmento, deputado social-democrata, pediu à Mesa do Parlamento um intervalo de 30 minutos, tendo André Ventura também solicitado uma interrupção dos trabalhos.
O PSD deverá agora indicar um outro nome para liderar o Parlamento.
André Ventura fala em “bloqueio da AD”
André Ventura, vinca que continua disponível para chegar a um entendimento com o PSD para eleger o presidente da Assembleia da República, incluindo para voltar a tentar viabilizar o nome de Aguiar-Branco.
No entanto, o líder do Chega deixa claro que os sociais-democratas “têm de escolher as companhias” e clarificar com querem trabalhar.
“Durante a manhã toda, dirigentes e responsáveis do PSD disseram que nao havia acordo nenhum com o Chega. Mentira. Não podem estar a humilhar um milhão de portugueses.”, declarou Ventura aos jornalistas durante a interrupção dos trabalhos.
“Apesar de ter sido desrespeitado, dei indicação pública para um voto favorável”, acrescentou.
Ventura insistiu que a “AD tem de decidir se quer governar com o PS ou fazer acordos à direita”.
“PSD tem de fazer escolhas e esta é a prova de que governar em cima do muro não funciona”.
André Ventura, que chefia a terceira força política em Portugal, reiterou a ideia do fim do bipartidarismo já expressa no discurso da noite eleitoral.
“O tempo em que dois partidos podiam decidir o futuro do país acabou no dia 10 de março.”, frisou.
O deputado do Chega, Pedro Frazão, fez uma publicação na rede social X em jeito de provocação, aludindo à célebre expressão “não é não” de Montenegro quando questionado sobre se faria acordos com o Chega.
“Votar Chega é votar PS”
A Iniciativa Liberal afirma que o PS e o Chega se uniram contra a eleição de Aguiar-Branco para a presidência da Assembleia da República.
“Votar Chega é votar PS”, escreveu o partido na rede social X.
Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal, reitera que o Chega se aliou ao Partido Socialista para boicotar a eleição de Aguiar-Branco e sublinha que o partido liderado por André Ventura não é confiável.
“Fica dado o sinal de que há partidos que não são confiáveis e estão aqui para criar chicana política permanente”.
O deputado da Iniciativa Liberal, Bernardo Blanco, afirma qu já tinha alertado na semana passada para “uma maioria socialista e chegana.”.
“Cá está ela”, referiu no X.
O também vice-presidente dos liberais pediu uma reflexão a quem optou por mostrar o seu desagrado através de um voto na extrema-direita.
“A quem votou Chega pelo protesto, peço que comecem a refletir pelo País.”, escreveu.
À esquerda, o Livre criticou a opção do PSD de ter procurado um acordo com o Chega para garantir a eleição do presidente do Parlamento.
“Quando se estende a mão à extrema-direita, a extrema-direita arranca o braço”, afirmou Paulo Muacho, um dos quatro parlamentares eleitos pelo Livre.