A polícia moçambicana diz que agiu em conformidade durante as marchas em homenagem ao rapper Azagaia. As marchas foram reprimidas pelas forças de segurança, que recorreram à força e a gás lacrimogéneo.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) demarca-se das críticas de violência policial contra cidadãos no último sábado (18.03), em marchas de homenagem ao ‘rapper’ Azagaia, um pouco por todo o país. As marchas foram reprimidas pelas forças de segurança, que recorreram à força e a gás lacrimogéneo.
Fernando Tsucana, vice-comandante da Polícia da República de Moçambique, disse na tarde desta terça-feira (21.03) que a corporação se viu obrigada a agir dessa forma, porque havia o perigo de que as manifestações se tornassem violentas.
“Constatando a existência de fortes indícios de transição de uma manifestação pacífica para violenta, decidiu preventivamente tomar medidas de polícia, desdobrando-se aos locais de concentração onde aconselhou e exortou aos manifestantes a não realizarem as marchas”, justificou.
Em seguida, segundo Tsucana, houve “desobediência às autoridades policiais” como injúrias, arremesso de objetos, confrontação física com agentes da polícia e, “em alguns casos, tentativa de apossamento de armas de fogo” .
“Princípio de proporcionalidade de forças”
Face à resistência dos manifestantes em abandonar o local, os agentes usaram meios não letais de dispersão de massas em “estrita observância ao princípio de proporcionalidade de forças e equidade de meios”, acrescentou Tsucana.
O vice-comandante da PRM disse ainda que notou, “com muita preocupação”, que os líderes dos manifestantes eram figuras com ligações políticas e a organizações não-governamentais, citando nomes como Venâncio Mondlane, Quitéria Guirengane, Fátima Mimbire e Manuel de Araújo.
“Nestes atos de desacatos, participaram também alguns cidadãos que agiam sob manifesta influência de álcool e de substâncias psicotrópicas”, sublinhou.
De acordo com Fernando Tsucana, foram registados 14 feridos nos incidentes.
“Foram retidos, processados e respondem em liberdade um total de 36 cidadãos, sendo 20 na cidade de Maputo, três na cidade de Nampula, sete na cidade de Chimoio e seis na cidade da Beira”, acrescentou.
Defensores dos direitos humanos e partidos da oposição condenaram a resposta da polícia às marchas de sábado em homenagem ao falecido rapper Azagaia. O Centro de Integridade Pública anunciou que submeteu à Procuradoria-Geral da República uma queixa contra o Estado moçambicano, por causa dos episódios de violência no fim de semana.