“É um bom candidato, tem apoio e sobretudo consegue movimentar a juventude”, justificou o escritor.
Em entrevista à Lusa em Lisboa, o escritor salienta que o maior risco para a hegemonia do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) vem de Abel Chivukuvuku, político angolano, fundador do partido CASA-CE (Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral) e que foi dirigente durante anos na União para a Independência Total de Angola (UNITA, principal partido da oposição).
Para o autor de obras como “Utopia” “O desejo de Kianda”, “Jaime Bunda”, entre muitos outros livros, e vencedor de vários prémios literários, o Presidente de Angola, João Lourenço, “talvez ganhe” as próximas eleições no país, mas não com a margem que ganhou as anteriores, em 2018.
“Isso certamente. Vai aproximar-se quase do empate. É a perceção que se pode ter”, afirmou.
“Abel Chivukuvuku, que é um nome que está em todas as cabeças, como é que isso vai ser resolvido. Porque é um bom candidato, tem apoio e sobretudo consegue movimentar a juventude”, afirmou o escritor, admitindo que este candidato “pode ser” uma ameaça para João Lourenço.
“Agora, também pode acontecer que ele divida os votos da oposição e, portanto, funcione ao contrário”, salientou.
Quanto a Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, poder apresentar-se como candidata, Pepetela limitou-se a dizer: “não acredito muito, primeiro porque ela nunca teve actividade política, não tem experiência para isso, tem, a de ter estado sempre com o pai e aprender sempre em casa, mas para se apresentar como candidata não me parece que tenha e nem acredito muito que ela tenha esse desejo”.
O escritor recebeu esta semana o prémio literário de Angola/Camões das mãos dos Primeiro-ministro português, António Costa, numa cerimónia no Centro Cultural de Belém em Lisboa que assinalou o Dia Mundial da Língua Portuguesa, 5 de maio, onde deu uma entrevista à Lusa.
O prémio foi-lhe atribuído pelo seu mais recente livro “Sua Excelência, de Corpo Presente”.