Pedro Nuno Santos, candidato à liderança do PS, disse esta terça-feira que não fecha qualquer porta a uma reedição da geringonça, sublinhando que “o pior que podia voltar a acontecer” seria um regresso a 2014, “restringindo novamente o espaço de autonomia do PS”.
“O PS vai-se apresentar a eleições com o objetivo de mobilizar o povo português para uma vitória. A partir daí, procuraremos as soluções que permitem implementar o programa do PS”, remata, recordando que a geringonça com Bloco de Esquerda e PCP foi “um sucesso”.
Em entrevista à TVI, o antigo ministro das Infraestruturas fugiu ainda à questão lançada por Luís Montenegro, esta tarde no CNN International Summit, onde o líder do PSD acusou o PS e o Chega de não esclareceram se se irão “coligar negativamente” para inviabilizar um governo do PSD. “São muitos ses. Trabalhamos com um cenário de vitória do PS. É nesse cenário que trabalharemos até 10 de março”,
“São muitos ses. O cenário em que nós trabalhamos é um cenário de vitória do Partido Socialista e é sobre esse cenário que trabalharemos até março”, respondeu sobre esse assunto, adiantando que a relação entre o Chega e o PSD está marcada pelo acordo governativo nos Açores. “Eu nunca vi o líder do PSD a fazer uma crítica sobre essa solução governativa”. “Se se quer derrotar o Chega, só há um voto, que é o no Partido Socialista”, concretiza.
Um pouco depois à CNN Portugal, Pedro Nuno Santos manteve esta versão, destacando que procura o melhor resultado possível nas eleições de 10 de março, mesmo quando confrontado se viabilizaria um governo de maioria relativa do PSD. “Nesta fase é um erro darmos respostas absolutas sobre cenários que não controlamos”, argumenta.
O candidato a líder do PS considera que um “PSD radicalizado, muito distante da forma como vemos o país” “torna mais difícil” entendimentos sobre matérias estruturantes como o Estado social.
Pedro Nuno Santos não rejeita diálogo com o PSD “radicalizado”
Já sobre o cenário de não existir uma maioria absoluta, Pedro Nuno aposta como “possível” e “provável”, insistindo, ao mesmo tempo que o foco deveria estar na discussão de medidas, embora não queira dizer que “política de alianças não seja relevante”.
Ainda assim, Pedro Nuno Santos adianta que a política de não fechar portas também se aplica ao centro e à direita, “esse diálogo é fundamental”, refere, apontando que “há áreas fundamentais da vida pública e do Estado português sobre as quais há posições estabilizadas há décadas que devem ser trabalhadas”.
“Falaremos sempre com o PSD. Há matérias de regime que são imprescindíveis serem trabalhadas, dialogadas e debatidas com o PSD. Sobre isso não tenho a menor dúvida. Agora, não posso ignorar que temos um PSD que está radicalizado, que disputa com o Chega e depende da Iniciativa Liberal”, argumenta.
Mas, reforça, essa dependência com os liberais, “tornaria o PSD um Governo muito mais radical” do que aconteceria com uma aliança com o CDS-PP, como já existiu no passado.
Dois herdeiros de Costa?
Colocando o foco nas eleições diretas, Pedro Nuno não ficou surpreendido com o facto de José Luís Carneiro ter conseguido reunir tantos apoios dentro do PS, considerando mesmo que a luta interna “não tem sido assim tão acesa”. É “uma campanha normal, que começou há pouco tempo”.
“Qualquer ato eleitoral, também dentro do PS, é decidido no momento em que se vota. E os militantes são donos do seu voto. Nada está decidido”, reforça, admitindo que “todos os cenários são possíveis”, inclusive o da derrota interna, mas insiste na confiança na mobilização.