26.8 C
Loanda
Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Partido do bilionário Aziz Ajanuch vence legislativas em Marrocos

PARTILHAR
FONTE:Agências

Depois de mais de uma década à frente do Governo, o Partido Islâmico Moderado Justiça e Desenvolvimento (PJD) sofreu uma pesada derrota nas eleições legislativas em Marrocos. A vitória eleitoral pertenceu ao liberal RNI (National Rally of Independents), liderado pelo bilionário Aziz Ajanuch, que conquistou 97 dos 395 lugares na Câmara dos Representantes.

O PJD, que governa o país desde 2001, obteve 12 assentos na Câmara dos Representantes (câmara baixa do parlamento marroquino), caindo do primeiro (com 125 deputados) para o oitavo partido mais votado.

O RNI liderado pelo ministro da Agricultura e Pescas, o bilionário Aziz Ajanuch, amigo do rei Mohamed VI, foi o vencedor das legislativas de quarta-feira que decorreram juntamente com as eleições regionais e municipais.

O segundo lugar é ocupado pelo Partido da Autenticidade e Modernidade (PAM, liberal) – fundado em 2008 por Ali Fual el Himma que é atualmente o principal conselheiro do monarca- com 82 lugares, o Partido Istiqlal (PI, nacionalista) foi a terceira força política mais votada (78).

Segue-se a União Socialista das Forças Populares com 35 lugares, o Movimento Popular com 26, o Partido do Progresso e Socialismo (20) e a União Constitucional (18).

A votação decorreu sem grandes incidentes, além das queixas do PJD e de outro partido minoritário, o Partido Socialista Unificado (PSU), sobre práticas ilegais de compra de votos e suborno de eleitores.

Aziz Ajanuch era o favorito
Apesar das sondagens serem proibidas em Marrocos, o magnata do petróleo Aziz Ajanuch – dono da primeira fortuna privada do país – era o favorito para vencer as legislativas, após uma década dos islâmicos à frente do Governo.

O RNI será agora obrigado a formar Governo de coligação, como acontece desde 2011. Em Marrocos, não há nenhuma instituição cujo poder possa ser equiparado ao do rei, apesar de o monarca ter reduzido ligeiramente os seus poderes depois da Primavera Árabe.

Os chamados “ministérios da soberania”, do Interior, Negócios Estrangeiros e Assuntos Religiosos, continuam a depender diretamente do Palácio Real.

A nomeação do novo chefe do Governo está agora nas mãos do rei, uma vez que a coligação já foi negociada. O bilionário Azis Ajanuch não concorreu como candidato à liderança, mas sim como presidente da Câmara de Agadir. No entanto, a Constituição permite ao monarca colocá-lo à frente do executivo.

Ajanuch é, desde 2007, ministro da Agricultura e Pescas, um órgão fundamental em Marrocos w nas relações com a União Europeia.

As eleições foram realizadas sob fortes medidas sanitárias, já que Marrocos está sob uma terceira vaga da pandemia da Covid-19 e recolher obrigatório em todo o país, tendo restringido a campanha a eventos ‘online’ e a caravanas de carros nas ruas.

Estas são as terceiras eleições desde a aprovação da nova Constituição de Marrocos, em 2011, nascida durante a chamada ‘Primavera Árabe’ e que deu mais poderes legislativos, numa monarquia constitucional onde o rei ainda possui um grande poder.

Nos programas eleitorais, os partidos apresentaram propostas para superar a crise económica e sanitária, mas não incluíram avanços nos direitos individuais, como a descriminalização de casos extraconjugais, homossexualidade, aborto ou quebra do jejum no Ramadão.

A derrota do PJD
Analistas políticos, ouvidos pelo jornal El País, estimam que os islamitas do PJD podem perder, além da chefia do Governo, alguns autarcas das principais cidades o país, como Rabat, Casablanca, Marraquexe, Fez e Tânger. O que ninguém previa é que a derrota do PJD fosse tão estrondosa.

Nos dez anos em que estiveram à frente do poder, os líderes o PJD foram caracterizados pela sua integridade mural. A corrupção não os atingiu e esse tem sido o seu baluarte. O seguimento absoluto que demonstraram às diretrizes emanadas pelo Palácio Real foi outra das suas marcas de governação.

O que marcou um antes e um depois na governação do PJD foi o seu apoio em dezembro à normalização das relações com Israel. Uma medida que foi promovida pelo rei, na sequência de um acordo tripartido entre Marrocos, Israel e Estados Unidos, através do qual o então Presidente norte-americano, Donald Trump, reconheceu a soberania de Rabat sobre o Sahara Ocidental.

O PJD conseguiu superar a situação sem desmoronar, apesar de alguns ativistas reivindicarem a causa palestiniana nas redes sociais.

spot_img
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
spot_imgspot_img
ARTIGOS RELACIONADOS

Terra volta a tremer em Marraquexe

Um sismo de magnitude 4,6 abalou hoje a zona do Atlas e foi sentido na cidade de Marraquexe, sendo...

Federação Internacional da Cruz Vermelha apela a doações para Marrocos

Organização está a angariar o equivalente a 105 milhões de euros para satisfazer necessidades básicas das vítimas do terramoto...

Equipes de resgate buscam por sobreviventes mais de 48 horas após terremoto no Marrocos

As equipes de resgate corriam contra o tempo na segunda-feira para encontrar sobreviventes nos escombros, mais de 48 horas...

Suíça e Noruega seguem para os “oitavos”. Anfitriã eliminada

As contas do Grupo A estão fechadas. A Nova Zelândia, uma das anfitriãs do campeonato foi eliminada, tal como...