Os deputados britânicos aprovaram, ontem, por unanimidade, um inquérito ao Primeiro-Ministro, Boris Johnson, para determinar se mentiu quando negou ter violado as restrições da pandemia da Covid-19.
Inicialmente oposto, o Partido Conservador chegou a propor um adiamento até ao final do processo em curso, mas acabou por recuar e dar liberdade de voto aos deputados.
A iniciativa foi do Partido Trabalhista, a principal força da oposição, que pediu um debate e votação na Câmara dos Comuns para que fosse apurado se Boris Johnson mentiu deliberadamente no Parlamento, ofensa que o protocolo dita que resulte em demissão.
A oposição acusa Johnson de ter mentido deliberadamente no Parlamento, ao afirmar repetidamente que não tinha violado as restrições impostas para travar a propagação do coronavírus que proibiam ajuntamentos em espaços abertos ou fechados.
A proposta do ‘Labour’ diz que as afirmações feitas pelo Primeiro-Ministro “parecem equivaler a enganar a Câmara” e pede que “este assunto seja remetido à Comissão de Privilégios”.
“Se for verdade (que mentiu), é desrespeito pelo Parlamento”, disse o líder trabalhista, Keir Starmer, alegando que tal comportamento arrisca “erodir” o papel e regras do Parlamento, onde são proibidas as acusações de “mentiroso”.
Em causa está a participação de Boris Johnson em eventos que violaram as restrições impostas para travar o contágio do novo coronavírus, impedindo pessoas de se encontrarem com amigos e familiares, incluindo visitar parentes moribundos.
Na semana passada, o Primeiro-Ministro, a esposa, Carrie Johnson, e o ministro das Finanças, Rishi Sunak, foram multados por terem participado numa festa de aniversário surpresa a Boris Johnson a 19 de Junho de 2020, quando o país ainda estava sob confinamento.
Outras “festas” em 2020 e 2021, a maioria em Downing Street, a residência e escritório oficiais do Chefe do Governo, continuam sob investigação policial, escândalo que passou a ser conhecido por “Partygate”.