O coronavírus “tem consequências” sobre o acordo comercial preliminar concluído no início deste ano entre China e Estados Unidos, admitiu nesta quinta-feira (11) um assessor do governo chinês, em um contexto de fortes tensões com os EUA.
As duas primeiras potências mundiais assinaram em Janeiro uma trégua em sua guerra comercial, que desde 2018 se tornou uma imposição recíproca de tarifas alfandegárias sobre mercadorias por centenas de biliões de dólares no comércio bilateral.
No acordo preliminar, a China se comprometeu particularmente a comprar produtos americanos por US$ 200 biliões adicionais para 2022, com o objectivo de reduzir o desequilíbrio comercial, a preocupação do presidente Donald Trump.
No entanto, a pandemia, que paralisou a economia mundial e provocou um colapso comercial, gera dúvidas sobre a capacidade de Pequim em cumprir seus compromissos.
“Objectivamente, a epidemia tem consequências sobre o andamento deste acordo”, reconheceu à imprensa Zhu Guangyao, assessor do governo chinês.
“Mas até mesmo nessas circunstâncias, a China destacou que ambos (países) devem trabalhar juntos”, acrescentou Zhu, que também foi vice-ministro das Finanças.
O assessor admitiu, entretanto, que as relações entre seu país e os EUA são “muito insatisfatórias, pois os canais de comunicação estão bloqueados”.
Nos últimos meses, os dois países trocaram acusações sobre a origem do coronavírus. Os EUA acreditam que poderia ter sido produzido em um laboratório de virologia em Wuhan (centro), enquanto a China afirma que pode ter sido levado por soldados americanos, que participaram de um evento desportivo no país.
Apesar da pandemia, Trump excluiu em maio a renegociação deste acordo preliminar e exige que a China cumpra com seus compromissos, sob pena de introduzir novas tarifas alfandegárias e, inclusive, “cortar relações”.