O PAN declarou formalmente apoio à candidatura de Ana Gomes à Presidência da República, anunciou esta quinta-feira o partido, explicando que o país e o mundo estão “perante uma série de desafios” ditados pela crise sanitária, económica e social que estamos a viver devido à Covid-19, mas também pela emergência climática que “corre o risco de se agravar”.
Além disso, justificou a deputada do PAN, “vivemos um contexto em que as instituições democráticas são postas em causa”, tendo sido “demonstrado muito pouco interesse no combate em áreas tão importantes para o país como a corrupção”, que “tantas vezes vemos enredadas em situações de conflitos de interesses, compadrio político, promiscuidade, subserviência para com certos interesses instalados, sejam eles no futebol, da banca, do agronegócio, o setor energético e a indústria do petróleo”.
Numa declaração feita na sede do partido, Inês Sousa Real apontou o dedo aos partidos do sistema, nomeadamente aqueles “que têm oscilado no eixo do poder e da governação, PS e PSD”.
A postura destes partidos “tem levado a uma quebra de confiança e ao afastamento da participação cívica de todas as cidadãs e cidadãos”, lamentou, criticando o “fechamento do sistema democrático” que tem trazido consigo o “aumento dos populismos” e dos “perigosos discursos de ódio que põe em risco os mais básicos pilares do direito democrático”.
Nesse sentido, prosseguiu, “parece-nos evidente que as próximas eleições presidenciais são também um combate pela democracia” e pela defesa da nossa lei fundamental da Constituição da República”.
“Nas próximas eleições, é preciso assegurar, não só, a derrota do populismo anti-democrático, do populismo racista, xenófobo, homofóbico, mas também conseguir derrotar, à segunda volta, o conservadorismo de um estilo presidencial que não demarca linhas vermelhas na salvaguarda ambiental e cuja candidatura representa o crescimento do bloco central que é bastante nefasto para a democracia”.
Para o PAN, o crescimento do bloco central é evidente em decisões como o fim dos debates quinzenais, nas eleições para as CCDR’s e “noutros acordos por detrás da cortina e fora do palco da Assembleia da República”.
Posto isto, a comissão política nacional do PAN decidiu que o “partido não se podia colocar à margem” desta eleição. “Sendo esta uma eleição de pessoas e não de partidos”, o PAN decidiu apoiar a candidatura de Ana Gomes à Presidência da República.
Frisando que o PAN está numa fase de crescimento e de consolidação, a líder da bancada parlamentar explicou que isso não quer dizer que o partido tenha de se apresentar a todas as eleições, nomeadamente as Presidenciais. “Mas significa que temos de agir com responsabilidade política. Estamos profundamente dedicados ao trabalho parlamentar, naquele que é o primeiro ano do grupo parlamentar, ao mesmo tempo que estamos a crescer a nível local e a trabalhar nas assembleias onde fomos eleitos”.
O PAN entende que Ana Gomes é uma candidata forte e independente, sendo a “única candidata que se apresenta como progressista, humanista, europeísta”, e que sente “as preocupações ambientais que vivemos e as preocupações dos nossos jovens”. Elogiando a transversalidade da socialista, Inês Sousa Real destacou a capacidade de Ana Gomes de congregar diferentes campos políticos, ativismos, gerações e diferentes sensibilidades, capaz de levar a eleição a uma segunda volta e de vencer.