Pio Wacussanga alerta que os cidadãos podem perder a vida caso não sejam tomadas medidas urgentes. “Esta é a realidade que temos a enfrentar – de vida ou morte”, lamenta.
Pio Wacussanga é um sociólogo e sacerdote católico natural da província da Huíla e conhecido como a “voz dos pobres no sul de Angola”. O padre denuncia a situação extrema da fome no sul de Angola, mais concretamente nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe e fala de um cenário de alta fragilidade por causa da fome.
“A situação no geral é realmente de desfalecimento, quer dizer, tu vais a uma aldeia e encontras a maior parte das pessoas deitada, porque não têm alimento e muito menos energia para ficarem de pé”, disse em entrevista à Rádio Eclésia.
O sacerdote alerta que os cidadãos podem perder a vida, caso não se tome medidas urgentes. “Eu recebi durante a semana algumas crianças que caminharam até aqui e pediram comida. Por causa da caminhada, do cansaço e da fraqueza, é visível que as pessoas mal se conseguem pôr de pé”, denuncia.
“Muitas mamas quando vêm ter cá connosco para levarem uma caneca de fubá sempre dizem que deixaram as crianças deitadas a desfalecerem e com respiração ofegante”, conta. “Esta é a realidade que estamos a enfrentar – de vida ou morte.”
A denominada “Plataforma Sul”, integrada por seis organizações não governamentais, está a fazer um levantamento da situação no Cunene e na Huíla e está a constatar uma situação de fome extrema devido ao aumento do preço da cesta básica, falta de insumos agrícolas e a estiagem.
Província rica em recursos
A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) no Kuando Kubango não compreende as razões de tanto sofrimento das populações, quando a província tem muitos recursos naturais.
“O problema social aqui na nossa província é extrema, é triste. O que falta nesta província? Nada. Terras férteis, temos. Água, temos, diamantes também temos”, disse à DW África o secretário provincial da UNITA, Francisco Gaio Kakoma.
Em respostas aos gritos de socorro, a ministra angolana para a Área Social, Carolina Cerqueira, garantiu que o Executivo angolano tem se engajado para dar resposta definitiva e estes problemas.
“O Presidente orientou para avançar com o programa estruturante. Nós pensamos que Casa de Segurança do Presidente da República vai ter um papel fundamental”, afirmou.