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Quarta-feira, Novembro 27, 2024

Pacificação em Cabinda: Balanço do ‘Acordo do Namibe’ traduzido em ‘desgraça’

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Jornal Visão | André Mavungo

O Memorando de Entendimento do Namibe assinado para pacificação da província de Cabinda, completa 13 anos. Foi a 1 de Agosto de 2006, quando o Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD), liderado por António Bento Bembe e o Governo, representado por Virgílio Fontes Pereira, antigo ministro de Administração do Território, rubricaram o documento que garantiu o calar das armas, naquela região do Norte do país. Mas de lá para cá o balanço do acordo traduz-se em violência e prisões que ensombram o ‘modus vivendi’ no enclave.

Fonte do VISÃO admite que os acordos do Namibe continuam a produzir problemas a quase todos os níveis, levando os cabindas a manifestarem-se agastados. Passados 13 anos, não cessam intimidações de prisão, ou mesmo de morte.

Os habitantes dizem que a legitimidade do povo está ultrajada porque a letra do acordo tem sido sistematicamente atropelada.

O balanço do acordo resume-se apenas na construção do porto de águas profundas, a zona industrial de Fútila, e o aeroporto. O resto parece ter caído no esquecimento, ou em “águas de bacalhau”, como soe dizer-se.

Para os cabindas, a ‘aventura’ de Bembe e Fontes Pereira, apenas trouxe a desgraça para os filhos da terra marcada por um registo de sofrimento, dor e lágrimas.

Os intelectuais do enclave, também revoltados com as fraquezas do ‘memorando’, quanto a sua aplicação, clamam pela sua redefinição, e esperam que o Executivo liderado pelo Presidente João Lourenço encontre uma saída para a pacificação definitiva em Cabinda.

Nzulu ataca Bembe e lança novas bases

O VISÃO soube ainda que Maurício Amado Nzulu, antigo vice-chefe do Estado Maior Geral das Forças Angolanas para área social, integrado no âmbito dos acordos do Namibe, reformado pela idade avançada, está desencontrado com Bento Bembe, a quem aponta desonestidade e irresponsabilidade na condução do processo negocial do memorando.

E assim sendo, Nzulu lima as arestas para o relançamento do diálogo com o Governo de Luanda. A meta, diz a nossa fonte, é a “verdadeira pacificação do enclave”.

Nzulo, considera o momento importante e decisivo na vida de todos os cabindas empenhados na luta contra violações dos direitos humanos. O líder do FCD, mostra-se confiante e admite que o executivo de João Lourenço compreenderá melhor sobre as especificidades de Cabinda, nas suas mais distintas nuances.

Note-se que Bento Bembe terá sido afastado do FCD por unanimidade e depois aliou-se ao MPLA, tendo este partido no poder em Angola há mais de quatro décadas, lhe oferecido o cargo de deputado.

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