O banco suíço UBS está próximo de um acordo para assumir o controle do Credit Suisse, como parte de um esforço urgente das autoridades suíças e globais para restaurar a confiança no sistema bancário. Anunciou este sábado o Wall Street Journal. As negociações foram relatadas anteriormente pelo Financial Times.
O Credit Suisse, que está entre os 30 bancos mais importantes do sistema financeiro global, está há anos na corda bamba após uma série de escândalos, grandes prejuízos e erros estratégicos.
A 21 de Fevereiro de 2022, o Portal de Angola já tinha publicado um artigo sobre o Credit Suisse. Segundo o artigo, o crédit Suisse guardou durante anos fortunas de pessoas envolvidas em casos de corrupção em todo o mundo. A revelação tinha sido feita por um consórcio de cerca de 50 meios de comunicação.
O Credit Suisse foi várias vezes citado em casos importantes de corrupção e branqueamento de capitais em Angola e Moçambique. Em 2013, o Credit Suisse concedeu US$ 1 bilhão em empréstimos a duas empresas estatais moçambicanas. O dinheiro deveria ter sido usado para comprar navios para a guarda costeira e para a pesca do atum. Mas parte do dinheiro fluiu para bolsos privados. O Credit Suisse foi multado em mais de USD 400 milhões pelo seu papel no escândalo dos empréstimos a Moçambique.
O Credit Suisse já tinha beneficiado durante esta semana de uma linha de crédito de US$ 50 bilhões do Banco Nacional Suíço. A medida não foi suficiente para impedir a queda das ações do Credit Suisse ou conter a perda de depósitos bancários, forçando o banco central suíço e o principal regulador financeiro da Suíça a orquestrar negociações com o maior rival do Credit Suisse, o UBS.
O fim do percurso de quase 167 anos do Credit Suisse marcaria um dos momentos mais significativos no mundo bancário desde a crise financeira de 2008.
O UBS há muito que é visto como parte de qualquer solução apoiada pelo Estado suíço para a compra do Credit Suisse, que tem um balanço patrimonial de aproximadamente metade do tamanho dos US$ 1,1 trilhão de ativos totais do UBS. Qualquer aquisição em grande escala daria ao UBS negócios valiosos dentro do Credit Suisse, como clientes de gestão de patrimônio na Ásia e no Oriente Médio, mas poderia vir com unidades menos desejáveis, como o problemático banco de investimentos do Credit Suisse. Também poderia inviabilizar a estratégia existente do UBS e a estabilidade percebida pelos investidores.
O acordo entre a UBS e o Credit Suisse pode acontecer no domingo, se não antes. As autoridades suíças devem chegar a pelo menos um acordo de princípio antes da abertura dos mercados financeiros na segunda-feira. Para acelerar o processo, os reguladores suíços dispensaram a exigência de votos dos acionistas para a realização da venda.
O UBS e o Credit Suisse são considerados sistemicamente importantes na Suíça e globalmente, e uma fusão pode estar sujeita a supervisão adicional e encargos de capital.
O impacto do acordo nos mercados financeiros dependerá dos detalhes e de quanto suporte, se houver, os reguladores fornecerão. O Credit Suisse tem mais de US$ 160 bilhões em dívidas de longo prazo, algumas das quais classificadas como instrumentos de resgate, que podem ser canceladas se os reguladores forçarem o banco a se reestruturar.
Os índices de referência dos bancos americanos e europeus perderam 20% e 13%, respectivamente, desde quarta-feira. As autoridades dos EUA, UE e Reino Unido estão em contato regular neste fim de semana com suas contrapartes suíças sobre o destino do Credit Suisse. Uma falha em encontrar uma solução teria um impacto fortemente negativo sobre o sistema financeiro mundial.
Por José Correia Nunes*
*Director Executivo Portal de Angola