O petróleo russo ainda abastece a Europa com a ajuda de outros países.
As regras da União Europeia que proíbem qualquer importação marítima de produtos russos não impedem países como a Índia de comprar petróleo barato de Moscou, transformá-lo em diesel e outros combustíveis e enviá-lo de volta à Europa com uma margem de lucro.
O país asiático está a caminho de se tornar o maior fornecedor de produtos refinados para o continente neste mês, ao mesmo tempo em que compra quantidades recordes de petróleo bruto russo a preços baratos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg da empresa de análise Kpler.
Essa situação é uma faca de dois gumes para a UE. Por um lado, o bloco precisa de fontes alternativas de diesel agora que cortou os fluxos diretos da Rússia, antes seu principal fornecedor. No entanto, acaba aumentando a demanda por barris de Moscou e significa custos extras de frete.
Isso também significa mais competição para as refinarias de petróleo da Europa, que não podem ter acesso ao petróleo russo barato, e ocorre em meio a um escrutínio mais amplo do mercado sobre a origem das importações de diesel da região.
O CEO da Repsol SA, Josu Jon Imaz, disse na quinta-feira que o diesel russo estava entrando na Europa ilegalmente e instou as autoridades a reprimir a atividade. Ele não estava a falar sobre comércio via Índia, mas sobre fluxos de diesel originários da Rússia.
Uma investigação preliminar sobre o assunto pelas autoridades espanholas não encontrou evidências de que o diesel russo estivesse entrando no país, disse uma autoridade do governo na sexta-feira, acrescentando que uma investigação estava em andamento.
As importações europeias de combustível refinado da Índia devem subir acima de 360.000 barris por dia, logo à frente das da Arábia Saudita, mostram os dados da Kpler.
Espera-se que as chegadas de petróleo bruto russo à Índia ultrapassem 2 milhões de barris por dia em abril, respondendo por quase 44% das importações totais de petróleo do país, segundo dados da Kpler.