Tudo começou com a exibição de um vídeo nas redes sociais sobre uma cerimónia religiosa secreta de orações que teve lugar na sala principal do plenário da Assembleia Nacional por lideres de uma denominação religiosa não identificada a favor da campanha do MPLA à Presidência da República e para deputados à Assembleia Nacional.
A UNITA, o maior partido na oposição, publicou uma nota de protesto, considerando tal acto de cúmulo da promiscuidade entre o Estado e a religião.
Na nota, o partido exige ao Presidente da Assembleia Nacional que apure o que de facto aconteceu na casa das leis.
O MPLA minimiza o facto e diz ser um não-assunto, alguns analistas ligados à religião também condenaram o acto.
“O nosso maior problema é a promiscuidade do acto, as igrejas não devem fazer isso, apoiar descaradamente um candidato, e pior ainda dentro de um órgão de soberania como é a Assembleia Nacional porque esta não é propriedade do MPLA”, disse Maurílio Luyelle, primeiro vice-presidente do grupo parlamentar da UNITA.
O parlamentar independente pela CASA-CE Makuta Nkondo também considera o acto de “muito grave”.
“Penso que devemos agendar um debate na Assembleia Nacional sobre isso, como é que foi possível aquelas pessoas terem acesso a sala do plenário?”, interrogou-se, e disse que a “UNITA tem razão em protestar e deviam ser todos partidos a fazê-lo e todos os deputados a condenarem o acto”.
Mas João Pinto, deputado pelo MPLA, considera que o que ocorreu na Assembleia nada teve a ver com o seu partido e sim um simples acto das crenças religiosas de alguns deputados.
“As pessoas são livres de rezarem e nós não podemos censurar as opções religiosas de outros, não foi o Parlamento que promoveu, são os cidadãos”, sublinhou João Pinto acrescentando que “as pessoas são livres de entrar na Assembleia, nada teve a ver com MPLA e não é a primeira vez que isto aconteceu”.
Para o deputado do MPLA, a controvérsia “e algo gerado pela UNITA por não ter algo com que lutar nas eleições”.
“A UNITA quer criar facto político, está assustada com os problemas que tem e não tem assunto, está sem ideias, não tem programa”, apontou o parlamentar.
Contactado pela VOA, reverendo Ntoni a Zinga disse que o que aconteceu não devia ser permitido.
“Eu não encorajo esse tipo de práticas, não é bom, espero que o MPLA daqui pra frente evite isso”, sublinhou.
Por seu lado, o pastor evangélico Elias Isaac pensa que o acto que teve lugar na Assembleia Nacional “é uma vergonha para aqueles que estiveram presentes no acto e é uma pena”.
“A igreja não pode fazer oração para uns ganhar e outros perderem, aquilo não é igreja é mais feitiçaria, porque Deus, Jesus Cristo não funciona desta maneira e nenhum homem tem poder ou capacidade de manipular Deus”, conclui.
O Partido de Renovação Social (PRS), também na oposição, condenou e considerou “um grande erro” a realização de orações na sala principal do plenário do parlamento, e exortou a direcção o órgão legislativo a “pedir desculpas”.