Denis Sassou Nguesso está na liderança provisória das eleições presidenciais de domingo na República do Congo, marcadas pela morte do seu principal rival. Outro candidato da oposição vai pedir anulação do escrutínio.
De acordo com os primeiros resultados, o Presidente cessante da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, obteve mais de 85% dos votos em mais de 30 locais de voto.
“Estas são apenas tendências percentuais. Em todo o país, os resultados estão na sua maioria nesta direção”, disse o presidente da Comissão Nacional Eleitoral Independente (CNEI), Henri Bouka, depois de apresentar os resultados de 35 cidades e distritos.
Na capital, Brazzaville, o Presidente cessante, 77 anos, 36 dos quais à frente da República do Congo, recolheu, por exemplo, 89,15% dos votos no distrito de Poto-Poto, segundo os números oficiais apresentados por Bouka.
No resto do país, Sassou Nguesso manteve-se de forma clara à frente do seu principal rival, Guy-Brice Parfait Kolélas. Segundo a Comissão Eleitoral, os resultados provisórios completos serão anunciados durante os próximos dois dias.
Morte do principal candidato da oposição
Na segunda-feira (22.03), foram muitas as reações à morte do principal candidato da oposição nas presidenciais congolesas, que morreu de Covid-19 no dia da votação, quando estava a ser transferido para França para tratamento.
Dedja Nguedi, porta-voz de Kolélas e membro do partido da oposição, lamentou a morte do político e pediu calma aos congoleses: “O partido exorta todos os congoleses a acalmarem-se, a refletirem e a permanecerem atentos às orientações do partido”.
O chefe da missão de observadores eleitorais da União Africana também prestou homenagem ao candidato, apresentando condolências à família do político e ao povo congolês. Por outro lado, Dileita Mohamed também deu os parabéns ao país pela realização das presidenciais num contexto “calmo e pacífico”.
“A missão felicita o povo congolês pela sua mobilização calma e pelo seu compromisso com os valores democráticos. Felicita igualmente as autoridades governamentais, a Comissão Eleitoral, os atores políticos e as forças de defesa e segurança que trabalharam para realizar eleições inclusivas e pacíficas, consolidando as conquistas democráticas da República do Congo”, declarou.
Opositor denuncia fraude eleitoral
Na sequência da morte de Kolelas, e apontando fraude eleitoral, Mathias Dzon, outro dos principais candidatos da oposição, anunciou um recurso junto do Tribunal Constitucional para cancelar a primeira volta das presidenciais.
“O Governo pôs em prática um sistema fraudulento caracterizado pela abertura de mesas de voto ilegais, votação múltipla e compra de consciência, e desorientação dos eleitores”, justifica Eric Okana, representante do partido de Mathis Dzo.
Além das alegações de fraude eleitoral e a morte do principal líder opositor, vítima de Covid-19, as eleições presidenciais também foram marcadas pelo corte do acesso à internet e às redes sociais no país. E apesar da participação de observadores da União Africana, o Governo não autorizou que missões da ONU, da União Europeia e da Igreja Católica acompanhassem o escrutínio.
Com o falecimento de Kolélas, a oposição congolesa fica ainda mais enfraquecida, uma vez que dois outros candidatos nas eleições de 2016, Jean Marie Michel Mokoko e André Okombi Salissa cumprem penas de prisão de 20 anos por “comprometerem a segurança do Estado”.
Entretanto, Denis Sassou Nguesso, que lidera a República do Congo há pelo menos 36 anos, encaminha-se para mais um mandato, depois de ter alterado a Constituição há alguns anos.