O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) manifestou-se “profundamente preocupado” com a escalada dos conflitos e a amplitude dos deslocamentos no Sahel, com os novos movimentos populacionais no Leste e no Corno de África e com o aumento das chegadas por mar às Ilhas Canárias.
Só no ano passado, um total de 1.064 mortes foi registado na zona central e ocidental do Mediterrâneo. “O ACNUR pede um pouco mais de 100 milhões de dólares para reforçar a protecção, nos países africanos, dos refugiados a caminho do Mediterrâneo”, escreveu a agência da ONU em comunicado.
“A prioridade absoluta é oferecer alternativas seguras e viáveis a essas viagens perigosas caracterizadas por abusos e pela morte”, pode, ainda, ler-se no texto do ACNUR. A violência no Sahel forçou, até agora, cerca de 2,9 milhões de pessoas a fugir, segundo o Alto-Comissariado.
Perante a ausência de perspectivas de paz e de estabilidade na região, “é muito provável” que ocorram novos movimentos populacionais e que muitos continuem a tentar a perigosa travessia marítima para a Europa, alerta a organização. Antes de tentar a travessia, muitos fogem para outros países do continente africano.
“Muitas dessas pessoas fogem da violência e da perseguição e têm necessidades imensas e urgentes em matéria de protecção. É essencial que lhes seja assegurado apoio vital, assim como serviços de protecção, nos países para onde fogem inicialmente”, disse o enviado especial do ACNUR para a situação no Mediterrâneo central, Vincent Cochetel.
Segundo o responsável, a ONU recebe “testemunhos gritantes de brutalidade e abusos de que são vítimas os refugiados e migrantes nos percursos que os levam até ao Mediterrâneo. Muitos são presos de traficantes e contrabandistas e são maltratados, extorquidos, violados e por vezes mortos ou deixados a morrer”, alertou.