A alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, exigiu esta terça-feira uma investigação “aprofundada, transparente, independente e imparcial” por parte das autoridades russas sobre o “crime extremamente grave” cometido contra o opositor Alexeï Navalny, que saiu do como induzido após ter sido envenenado na Rússia.
Bachelet considera que, segundo um comunicado citado pela agência France Presse, “negar a necessidade de uma investigação (…) sobre esta tentativa de assassinato não é uma resposta adequada”.
O Kremlin denunciou como “absurdas” as tentativas de envolver a Rússia no caso Navalny
A Alta Comissária observou que agentes neurotóxicos e isótopos radioactivos como o Novichok – que especialistas alemães afirmam ter sido usado para envenenar Navalny – e o polónio-210 são substâncias sofisticadas e extremamente difíceis de obter.
“Isso levanta muitas questões” como “porquê usar substâncias como estas? Quem as usa? Como as conseguiram?”, referiu.
Questionado em conferência de imprensa da ONU, em Genebra, sobre quem considera ser os culpados pelo envenenamento, o porta-voz de Bachelet, Rupert Colville, disse “não estar em posição de fazer acusações directas”.
ALEXEI NAVALNY SAI DO COMA INDUZIDO
Alexei Navalny, vítima de um envenenamento na Rússia segundo Berlim, saiu do coma induzido esta segunda-feira e vai “por etapas” deixar de recorrer ao ventilador, anunciou esta segunda-feira o hospital La Charité, em Berlim, onde está internado.
O opositor, que segundo os testes efectuados na Alemanha foi vítima de um envenenamento com um neurotóxico do tipo Novitchok, “reage” quando a equipa médica lhe falou, indicou ainda o estabelecimento onde está internado desde 22 de Agosto.
O seu “estado de saúde (…) melhorou”, sublinhou o hospital, um dos mais reputados da Europa, apesar de reafirmar que não são de excluir sequelas a longo prazo deste “pesado envenenamento”.
GOVERNO ALEMÃO CONFIRMA QUE ALEXEI NAVALNY FOI ENVENENADO COM NOVICHOK
Principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, foi, “sem dúvida”, segundo as autoridades alemãs, envenenado na Rússia no decurso de uma deslocação eleitoral por um agente neurotóxico do tipo Novitchok, uma substância concebida na época soviética para fins militares e já utilizada contra o ex-agente duplo russo Serguei Skripal e sua filha Iulia, em 2018, em Inglaterra.
Berlim e outros países ocidentais apontaram responsabilidades às autoridades russas e exortaram-nas a fornecer explicações.
O braço de ferro endureceu no domingo, com a Alemanha a dirigir um ultimato de alguns dias a Moscovo para “esclarecer o que se passou”.
Alexei Navalny, conhecido pelos seus inquéritos anticorrupção dirigidos à elite política russa, sentiu-se mal em 20 de agosto e foi hospitalizado de urgência em Omsk, na Sibéria, antes de ser enviado para Berlim.