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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

ONG’s debatem desafios e oportunidades da Covid 19 em Angola

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O impacto da pandemia da Covid-19 sobre as organizações da sociedade civil, desafios e oportunidades foi tema de debate na última sexta-feira, 19 de Novembro, no auditório das Irmãs Paulinas, em Luanda. O evento que também foi acompanhado via plataforma Zoom, foi organizado pela Associação para o Bem de Angola – PRO BONO Angola, em parceria com Rádio Ecclésia que garantiu igualmente a transmissão radiofónica.

De acordo com o presidente da PRO BONO Angola, Bartolomeu Milton, a mesa redonda faz parte de um ciclo de palestras que a organização que dirige tem vindo a realizar com o objectivo de galvanizar a sociedade em torno de uma análise mais profunda das questões inerentes à Covid-19, desde os mecanismos de prevenção, controlo, enfrentamento e perceber o papel do cidadão, do Estado e da Sociedade Civil nesse processo.

“Nesta edição fizemos uma análise do impacto que a Covid-19 trouxe nas organizações da sociedade civil e podemos ouvir vários intervenientes a falar das dificuldades e experiências. Então, tem sido um aprendizado porque temos visto que estes debates são importantes e a PRO BONO tem esse compromisso de continuar a promovê-los no sentido de podermos, com essas acções, contribuir para o enfrentamento eficaz da pandemia da Covid-19”, esclareceu o responsável.

Para Carlos Cambuta, director geral da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), antes do surgimento da pandemia era raro fazer recurso às tecnologias de informação e comunicação, para realização de encontros, mas agora muitas organizações conseguiram descobrir este lado positivo.

“Descobrir no sentido de elevar a importância da utilização das TIC’s como uma solução para tratar vários assuntos que muito antes da pandemia pensávamos que não fossem possíveis”, enfatizou o activista, acrescentando que, na organização que lidera, fundada em 1990, sempre realizou as suas assembleias no formato presencial, mas com a pandemia não tinha como.

Entre adiar uma Assembleia geral que é vital, no quadro da institucionalidade e da sustentação da instituição, adianta o intercolutor, tiveram de recorrer às tecnologias de informação e comunicação de tal modo que, em 2020, a assembleia geral que a ADRA realiza anualmente, foi realizada através da plataforma Zoom. “Descobrimos que afinal é possível”, reconheceu, sustentando a vantagem de permitir acesso aos que não estiveram em Luanda de forma a facilitar a gestão financeira, maximizando os recursos”, revelou Carlos Cambuta.

 - portal de angola
O impacto da pandemia da Covid 19 sobre as organizações da sociedade civil desafios e oportunidades foi tema de debate na última sexta feira 19 de Novembro no auditório das Irmãs Paulinas em Luanda<br >DR

IMPACTOS NEGATIVOS

O dirigente disse ainda que, assim como aspectos positivos a Covid-19 trouxe também aspectos negativos no sentido de que, se registou um abrandamento da interacção entre as organizações da Sociedade Civil, sobretudo, no início desta pandemia, pelo que considerou ser normal, “porque estávamos com um novo fenómeno, tínhamos a necessidade de aprofundar os conhecimentos sobre esta matéria, de conviver com esta realidade, de tal modo que, um conjunto de actividades que tinham sido planificadas, de interacção com as organizações da sociedade civil e com as instituições do Estado, nomeadamente com a Assembleia Nacional, quadro da discussão de leis que interessam muito a Sociedade Civil, com o Executivo não foi possível a sua efectivação.

Estamos a falar de uma situação que, por um lado, teve um impacto negativo e por outro teve um impacto positivo. Positivo no sentido de que despertou para muitas organizações da Sociedade Civil a importância de investir cada vez mais na gestão adptativa para manter o funcionamento das organizações, por conseguinte, continuar a contribuir para o desenvolvimento muito almejado no nosso país.

Segundo Serra Bango, responsável da Associação Justiça Paz e Democracia (AJPD), na altura em que se decretou o Estado de Emergência, em Março de 2020, e atendendo que em Angola ainda há um défice de investigação de doenças, havia um desconhecimento real da consequência do que seria o impacto da Covi-19, causado pela falta de informação suficiente sobre a natureza do fenómeno que se instalou no meio de nós.

“Uma das consequências do Estado de Emergência foi a restrição da mobilidade das pessoas, manifestando-se de forma mais gravosa o confinamento e fez com que as ONG’s, devido a sua natureza, por excelência, privilegiassem contacto pessoal a interação permanente de pessoas terá, seguramente, causado impacto negativo nas actividades das ONG’s, sobretudo, as que têm uma actividade mais presente no contacto pessoal das comunidades”, sublinhou o activista, esclarecendo que a maioria das organizações angolanas tem a sua actividade direccionada às comunidades.

“Havendo restrições na mobilidade de pessoas, o nosso trabalho ficou condicionado ao fim da restrição da mobilidade, mas o confinamento fez dar razão ao velho adágio que diz as dificuldades aguçam os engenhos, exactamente dando corpo a este adágio nós fomos obrigados a dar corpo ao nosso engenho e buscar ferramenta de teletrabalho que há muito tempo já existia e fomos obrigados a fazer recurso a ela de forma mais efectiva”, revelou.

Serra Bango referiu também que o teletrabalho nas ONGs poderá responder uma parte do que é a actividade das ONGs por questões administrativas. “Digo isso porque a questão da interacção com as comunidades, o uso das TIC’s ou o teletrabalho não foi muito eficaz ou eficiente por uma razão muito simples: é que nós temos em Angola uma dificuldade de cobertura de vários elementos, portanto, se eu trabalho no Chingoroi, no Lumbalaguimbo, ou em outras comunidades que não têm acesso à internet nem energia eléctrica, não é suficientemente eficaz para o processo de mobilização, de convencimento nas comunidades naquilo que são as políticas de sensibilizar ou educar a nossa população”, revelou.

Participaram da palestra via plataforma Zoom, António Ventura, activista de direitos humanos, Carlos Cambuta, director geral ADRA, Jorge Fernandes Franscisco, representante da JRS, Zuline Bumba, escritora, Serra Bango, representante da AJPD, João Malavindele, representante da OMUNGA, Júlio Candeeiro, representante da organização Mosaiko, e Verónica Sapalo da plataforma Mulher em Acção.

Com cinco anos de existência, a Associação para o Bem de Angola (PRO BONO Angola) é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, fundada em 2016, com a missão de contribuir para a mudança da mentalidade dos cidadãos e defender/ promover os legítimos interesses da sociedade angolana nos domínios dos direitos humanos, da ética, da transparência e responsabilidade na gestão pública.

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