O balanço dos dias e da nossa existência recuam e avançam quase como antevendo o Tempo Futuro. No recuo à Memória, recordo os vários amanheceres em Luanda e assumo que viajando na Memória, fui muito feliz na Infância e na minha Juventude. Era o Tempo do Sonho, da Esperança, mas dos Valores recebidos pelo meus Queridos Pais . Eram e são sementes que habitam a minha Memória e fazem de mim o que fui, o que sou, o que pretendo continuar a SER, embora observe na minha amada cidade de Luanda e no Mundo, que os Valores escasseiam a múltiplos nivéis. Este meu encontro com a Memória, lembra o Olhar azul do meu Querido e Saudoso Pai que por coincidência do destino ou não, faleceu no 11 de Novembro de 2010. Esta janela que abro da minha vivência é pelas assumidas Saudades do Tempo do Sonho e da Esperança. Se a vida Familiar e a Herança Familiar recebida pelos meus Queridos Pais constitui uma bússola da qual não saio , é também pelo quadro de Valores diversos que eu e Irmãs recebemos de diferentes formas sobre a Vida, os Valores Sagrados da Educação, do Respeito pelo Outro, da Fraternidade efectiva sem contabilizar o DAR e o AJUDAR. Assim cresci e fui-me tornando Jovem, sem esquecer até hoje saber SER Pessoa.
Do meu Querido Pai e minha Mãe, ficou a prática sagrada de Olhar a Vida talvez extraterrestre, mas orgulho-me enquanto Filho e Pessoa dos meus Amados Pais. E de vários Familiares e Amigos da minha Juventude de Sonho e com Alma. Os meus Pais Olharam como me ensinaram a Olhar, com Sonho e Esperança, o Passado vivido e o Futuro Sonhado.
E na gaveta da Memória, guardo e desculpem dizer, a Sabedoria das Histórias de Luanda e da Independência com que sonhou e contribuiu como a minha Querida Mãe para essa necessária construção da Nação. Como em Lisboa, no seio de prezados Mais Velhos Angolanos, recordo o designado Almoço dos Caraças, cuja proposta de admissão foi feita pelo meu Saudoso e Querido Primo Flávio Flores. Todas as quartas-feiras, o Hotel Internacional, nas traseiras do Rossio, muito próximo da escadinhas de acesso à Calçada do Duque na capital portuguesa, recebia do meio-dia às 19 horas, o encontro singular de 60 filhos de Angola, para lembrar, dizer, reflectir, sonhar e percorrer tempos diversos sobre os seus Sonhos e Esperanças. Muitos deles vividos no Atlético Clube de Luanda, no Clube Marítimo da Ilha, na Liga Africana, no Anangola, no histórico Baleizão em Luanda,
O Tempo do Sonho e da Esperança com o Tempo que ia passando foi desvanecendo pela observação diversa de arbitrariedades que se foram constatando com eles próprios, mas também com Familiares e Amigos.
O Sonho das conversas clandestinas em diversos lugares de Luanda foi dando lugar à triste constatação de ver e sentirem o inimaginável. Há quem esconda a sua origem de classe porque a regra vigente , agora é outra e uma raras excepções vão permanecendo na conduta e postura vertical por assumida e corajosa Convicção. Mas aquilo que foi o meu Sonho e Esperança, é hoje uma página branca simbolizando os Valores da PAZ real e não a opção da vergonhosa bajulação. Mas a par da bajuladores é o despudor pela Existência do Outro a quem chamamos Povo. O slogan UM SÓ POVO, UMA SÓ NACÃO, diluiu-se na espuma do Tempo e dos Imbondeiros que observam a perda relevante de Valores vários e que tinham sido fundamentais para REFAZER a Nação Sonhada.
Instalou-se o medo, a perseguição, a intriga fácil, anulou-se a meritocracia e quem discordar pelo imperativo de PENSAR sofre as necessárias consequências.
Alguns até dizem e cito tens que ter ginga e não te inquietes porque assim .
Mas prefiro não ter a ginga ,mas a ter a consciência de que é preciso Olhar e Sentir a Nação de outro modo. Sem pretensão a nada, no caminho do.meu nada, espero que o bom senso impere de uma vez por todas e quem tem Biliões deixe a sua marca de Responsabilidade Social e sentido Patriótico não hipotecando o Presente e o necessidade do Futuro.
Hoje voltei a reler algumas partes do Livro do Escritor e Etnógrafo Angolano Oscar Bento Ribas intitulado, TUDO ISTO ACONTECEU. É um Romance Autobiográfico, Edição de Autor com Capa de Maria Beatriz Valdez Carreiro Pereira.Uma Capa que deixa o traço vincado da Nossa Cultura e Identidade. É lindíssima a Capa e nas 641 páginas, o Escritor Óscar Ribas exprime um Tempo vivido e sofrido NUNCA tendo deixado de AMAR Angola como muitas Mulheres, Homens e Jovens naturais de Angola continuam a Amar.
E diz o Autor na terceira página que dá continuidade à viagem literária e de Reflexão o seguinte e que cito.
Início da Citação,
É à tua memória,
Meu querido Joaquim,
Meu dedo aço Colaborador, a quem,
Num eterno amplexo de gratidão,
Te consagro estas páginas, onde, em muitas delas,
Ora em aos de Alegria,
Ora em ais de angústia,
Nossas vidas palpitam.
Sim,meu amado Irmão,
Nossas vidas,como todas as vidas,
De luz e trevas se compondo, de gargalhadas e lágrimas nos impregnou,
Porque a vida-aí, a vida, dádiva de mistério.
Mistério que seduz,
Mistério que empolga,
Mas, também, mistério que aniquila.
E agora, que te foste,
A todos nos deixando, aceita,deste meu pobre peito, está dorida homenagem do meu Sentir, fim de citação evocando o Escritor Óscar Ribas nesta jangada do
Sonho e da Esperança.
E gostaria de mandar a Luanda, a Angola e ao Mundo uma Carta em Papel Perfumado como no Poema o NAMORO, o Escritor e Político Angolano Viriato da Cruz escreveu quando entre o sol de Novembro falou de Acácias Floridas que vão desaparecendo, recordando as Moças Mais Lindas do Bairro Operário.
Espero que entre o meu Sonho e a Esperança, nasçam novas Pitangas Maduras e novos Sonhos e Esperanças levem à Nacão Angolana outro Sentir e Pensar a Pátria. É Emergente por todas as razões que a Razão e o Devir conhecem.
Escreveu o Historiador francês Jacques Le Gof e cito que na maior parte das vezes, lembrar não é reviver,mas refazer, reconstruir, repensar, com imagens e ideias de hoje, as experiências do passado, fim de citação in Jacques Le Gof.
Por Gabriel Baguet Jr.