Sente-se à dimensão de servir como autarca ou governador. Orlando dos Santos é, para além de jurista, antigo militar, político do MPLA, empresário e líder religioso que considera que o combate à corrupção, deve ser levado a cabo por “todos aqueles que acham que o país deve mudar”.
O combate à corrupção escolhido como ‘cavalo de batalha’ do Presidente João Lourenço está a ser bem dirigido?
Não é uma vontade de uma pessoa apenas. Esse é um projecto que deve ser de todos aqueles que acham que o país tem que mudar. E o Presidente João Lourenço não é o timoneiro do combate à corrupção.
Porquê?
Já se fala do combate a esse fenómeno há muitos anos atrás aqui e no mundo. O Presidente João Lourenço é o continuador das políticas de combate e o seu surgimento apenas trouxe algum dinamismo na luta contra esse mal. E todos nós, cada um no seu sector, deve se sentir parte integral desse esforço porque sozinho não será possível a luta contra o problema que enferma toda a nossa sociedade.
Mas acha que esse combate está a ser bem dirigido?
Temos que saber que há imperfeições em toda a parte, da base ao topo. Estou a falar por exemplo de sectores como a polícia, o próprio sector público e privado, portanto, temos que admitir que há imperfeições. Logo, as falhas são normais. Isso é como estarmos numa igreja. Como homem de Deus tenho que saber que tenho imperfeições e se estou na igreja é porque sou pecador. Pelo contrário, não estaria lá. É preciso grande empenho porque isso requer também grandes desafios. Portanto, o mais importante é que há algum andamento nesse processo e temos sido testemunhas disso.
Fala-se de muita morosidade nos procedimentos judiciais?
Temos que entender que nem tudo tem de ser divulgado porque há segredos de Estado. Nem tudo deve ser divulgado a tempo como seria desejado.
Se está a referir a…
Refiro-me a questões em que as pessoas pedem muita transparência num facto que aconteceu. Por vezes é preciso esperar que o órgão que esteja a dirigir um determinado processo tenha tempo de produzir uma explicação mais idónea que se enquadre dentro do que é socialmente aceite. Há quem diz por exemplo que há selectividade, mas há informações que não devem vir a público de qualquer forma, mas sim bem trabalhadas, com ética para não criar danos sociais.
Acredita nesse combate?
Como angolano tenho que acreditar. Tenho que acreditar e a partir dai fazer também a minha parte para enobrecer esse combate.
Esse país pode melhorar?
Sim, porque como jurista e homem de Deus tenho de acreditar. Hoje temos a paz porque acreditamos nela. Fui militar e acreditava que um dia teríamos e paz alcançamos esse objectivo. É uma coisa efectiva que vinha até mesmo ser cantada por artistas da velha geração como David Zé, Urbano de Castro e outros que ai estão.
Mas a paz económica está em falta?
Angola para mim é um país totalmente independente do ponto de vista político e económico. Tudo depende de nós e está ao nosso alcance. O que temos de fazer é mudar a nossa mentalidade e inculcar na mente dos governantes e dos nossos filhos de que temos de servir e não sermos servidos. Se alguém me perguntar se gostaria de fazer parte da governação diria que sim porque existem leis em função disso. Existem leis, então é só seguir.
Que pasta gostaria de ocupar no Governo?
Posso ser, por exemplo, autarca. O meu apelo é de que os governantes, os administradores devem ser activos e proactivos. Se amanhã for indicado para administrar um município, ou uma província, por exemplo, estou aqui para encarnar esse desafio.