A palavra Urbano vem do latim e significa “o que é próprio da cidade”. A Cultura urbana seria, por extensão, a expressão de grupos que desenvolvem a sua arte nas ruas, nos bairros, em espaços públicos que são democratizados, criando novas sociabilidades. São projectos com um potencial transformador, uma vez que gestados nas e pelas comunidades, em especial nas chamadas periferias, acabam por ter um papel fundamental na afirmação identitária de cada cidade e lugar. Na sua maioria os jovens e os criadores de diferentes áreas e gerações dotam as cidades de novas ideias e lugares e essa condição de atores sociais e culturais estão ou estabelecem redes entre a Cultura e a Educação. E as cidades vão-se transformando criando e gerando novas imagens, mas também novas paisagens arquitectónicas e caminhos de diversidade e de sonho onde se misturam Culturas, Identidades, Saberes contemporâneos e ancestrais que conduzem a novos espaços.
É importante que o espaço urbano incorpore essas manifestações culturais e novas linguagens específicas, possibilitando recriações e inovações, num processo de permanente mudança. Atento a essa diversidade de expressões e à necessidade de um diálogo consistente entre a cultura urbana e aquela que emerge das comunidades, há uma ponte para o Futuro que se empenha na produção de novos cantos que buscam trazer, por meio de múltiplas vozes, reflexões acerca dessas práticas contemporâneas.
E por isso já nasceu um lugar numa rua histórica de Lisboa e a cinco minutos do centro da decisão política portuguesa que é o Parlamento português, um novo espaço de Cultura angolano e que fixará no tempo e na memória, essa busca de um passado virado para a modernidade e que se chama o “Poema do Semba”.
Um nome forte e transportador da magia da Poesia, mas da magia do Semba que dançado e tocado, “ faz suportar o orgulho em ser angolano“. A frase é do Compositor e Músico Paulo Flores, referência incontornável da Música de Angola porque o “ Semba é canto de Avenida “. E por isso o novo espaço cultural angolano que abre as suas portas a Lisboa e ao Mundo, abre o encontro com a Cultura angolana e sua Identidade Musical, tão marcada também pelo cântico do Semba. E embora o Semba seja “ chuva de primavera “, será dentro de pouco tempo e numa zona histórica de Lisboa entre o Tejo e o antigo Bairro dos Mocambos como diz a Professora Isabel Castro Henriques no seu livro sobre a Presença Africana em Lisboa e Portugal, que a “ voz do semba e a voz do meu semba urbano “, abre-se na capital portuguesa. Durante séculos o mundo foi mudando graças às mudanças nos ideais, nos desejos e no gosto das pessoas.
E essas mudanças fazem o mundo girar, mudar e trazem sempre um novo significado ao termo contemporâneo. Porque as cidades são espaços de mudança e entre a enorme diversidade de nomes que dão nome às ruas, às avenidas, aos museus, ao lugares de cultura, aos livros e aos restaurantes, “ O Poema do Semba “ que abrirá em Lisboa dentro de pouco tempo, já faz parte da história da cidade de Lisboa, mas de Luanda porque foi lá que nasceu o Semba.
Essa poética palavra transformadora de gerações e de cânticos de esperança que históricas vozes, femininas e masculinas de Angola, trouxeram à Música e à Cultura de Angola. Quase 400 anos depois quem imaginaria que numa histórica avenida/rua de Lisboa abrisse um lugar que se chamaria “ O Poema do Semba “? Mas é uma realidade. E uma realidade de extraordinário bom gosto onde a Culinária angolana, o Semba, a Música de Angola e outras sonoridades juntar-se-ão para olhar para o futuro e reafirmar como nunca me cansarei de dizer que a internacionalização da Cultura angolana é uma ponte dos criadores com o resto do Mundo e outras Culturas.
Porque cada país do Mundo tem um costume que pode ser considerado peculiar em relação aos costumes de outros países. E aí reside a inteligência de quem pensa e faz Cultura. Diversificar para conhecer. Conhecer para unir e criar. O “ Poema do Semba “ que inaugurará em Lisboa tem a assinatura do Músico Paulo Flores porque o “ Semba é a nossa alegria, é a nossa bandeira, é esperança, é amor”. Os ideais formam um olhar e vários pontos de vista nas pessoas em relação à Sociedade. A abertura deste novo Espaço de Angola, é um compromisso justo com a Diversidade Cultural do nosso País e é também no Canto do Semba que Angola se faz ouvir noutras latitudes e noutros Saberes.
Construir pontes entre os espaços/territórios que nas cidades são palcos de expressões culturais diversas e o meio urbano, potencializa a relação Cultura, Educação e Cidadania e na beleza das imagens porque se viaja no “ Poema do Semba “, sente-se a síntese e a profundidade de pensar o futuro. Porque não é apenas a economia e a política que afirmam as Nações. As marcas culturais, afirmam cada vez mais e em era de Globalização a razão de ser da Identidade Cultural de cada Estado. (opais.co.ao)
por Gabriel Baguet Jr