A série de reportagens da Televisão Pública de Angola (TPA) sobre a corrupção, “O Banquete”, tem dado muito que falar. Deputado da UNITA espera que TPA aborde o caso Edeltrudes Costa, “braço direito” de João Lourenço.
“O Banquete”, uma série de reportagens da Televisão Pública de Angola (TPA) sobre corrupção, continua a gerar reações negativas e positivas. Esta segunda-feira (30.11), completa uma semana desde a exibição do primeiro capítulo, que tem dado muito que falar.
Nas redes sociais, há quem louve a iniciativa, mas também há os que entendem que o “banquete” não tem sido bem servido.
O jornalista e analista Ilídio Manuel explica que falta “uma certa profundidade nestas matérias”. “Do ponto de vista jornalístico, o trabalho não está a ser [feito] da melhor forma, visto que não está a proceder o contraditório. Não há uma tentativa”, afirmou.
Para Nelito Ekuikui, deputado da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição angolana, não há nada de novo nos dados apresentados nas reportagens. O representante daquela formação política diz que nota uma certa operação de “charme político” nas matérias.
“Nós conhecemos perfeitamente todos que delapidaram o erário público. Nós sabemos o que eles fizeram com os nossos dinheiros. Infelizmente, essas pessoas ainda continuam a viver à custa do povo angolano”, acusa.
As contradições de João Lourenço
O deputado acusa ainda o Presidente angolano, João Lourenço, de querer “justificar que está a combater a corrupção”. Ele “quer justificar a moralização da sociedade. Há aqui uma contradição muito grande”, sublinhou.
Um exemplo de contradição, segundo Nelito Ekuikui, é o facto de até ao momento, João Lourenço não ter se pronunciado sobre o seu diretor de gabinete, Edeltrudes Costa. Ainda assim, o político ainda espera por um “banquete” sobre este assunto.
“Edeltrudes Costa está muito mais exposto. Acompanhamos todos recentemente uma reportagem da TVI que o indicia em crimes de corrupção, tráfico de influências no mandato do Presidente João Lourenço, e até aqui não ouvimos absolutamente nada”, queixa-se.
E o caso BESA?
Um dos últimos episódios trouxe a público os meandros da China International Fund (CIF). O jornalista Ilídio Manuel diz que as pessoas também estão à espera de um “banquete” sobre o caso Banco Espírito Santo Angola (BESA), por exemplo.
“As pessoas questionam, por exemplo, se a TPA terá coragem de abordar questões que têm a ver com os principais colaboradores do Presidente da República acusados de corrupção, como Edeltrudes Costa”, disse.
“Também outra questão que tem gerado polémica tem a ver com o crédito mal parado que determinadas entidades, inclusive o próprio Presidente da República, fizeram ao banco BESA”, aponta o jornalista.
A DW África tentou sem sucesso ouvir a direção da TPA sobre as críticas.