Num discurso de três horas, Nyusi destacou que Moçambique não ficou de braços cruzados diante da insurgência e da pandemia. Condenou ainda a ação dos terroristas, que tornaram-se “assassinos dos seus próprios irmãos”.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, afirmou esta quarta-feira (16.12) no seu discurso do Estado da Nação perante à Assembleia da República que o país vai continuar a “consolidar a paz, a unidade nacional” e a segurança para os moçambicanos, ao referir-se ao terrorismo na província nortenha de Cabo Delgado.
Num discurso de duração de três horas, Nyusi ainda sublinhou que “o Estado da Nação é de resposta inovadora e de renovada esperança”, ressaltando que “o ano 2020 foi totalmente atípico” devido a “crise em largas proporções” em todo mundo devido à pandemia de Covid-19. “Fomos igualmente atingidos”, disse.
“Podemos ficar orgulhosos com o quanto realizámos em todos os setores”, acrescentou o Presidente moçambicano ao sublinhar que Moçambique nunca antes tinha sido confrontado com o terrorismo e com uma pandemia, como a de Covid-19.
Nyusi deu destaque ao tamanho da vontade e a força de superação dos moçambicanos. “Não ficamos de braços cruzados”, acrescentou. O Presidente moçambicano destacou ainda a aprovação do Orçamento retificativo para atender às necessidades impostas pela pandemia.
Homenagem às vítimas do terrorismo
Nyusi rendeu uma homenagem às vítimas da insurgência, ao dar destaque ao assassínio de 53 jovens no distrito de Muidumbe, em Cabo Delgado, a quem chamou de “mártires”. “Foram brutalmente assassinados” por terroristas “que se tornaram assassinos dos seus próprios irmãos.
O Presidente também elogiou o trabalho das Forças de Defesa e Segurança que “deram as suas vidas” para proteger o país e expressou condolências aos moçambicanos que perderam os seus familiares devido ao conflito.
Entretanto, o Presidente deu a entender que Moçambique deve resolver os seus problemas internos sozinho, numa demonstração de que prefere não ter interferência estrangeira para resolver o conflito.
Colaboração no processo de DDR
Sobre o processo de DDR dos ex-guerrilheiros do braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Nyusi destacou a colaboração entre o Governo, o maior partido da oposição e as Nações Unidas. Nyusi sublinhou que, até início de dezembro, seis antigas bases do braço armado da RENAMO foram desativadas.
Nyusi lembrou da reunião que teve no passado com o antigo líder da RENAMO Afonso Dhlakama, quando sugeriu ao falecido líder dizer brevemente qual era o problema que existia entre o Governo da FRELIMO e a oposição. Ao dizer que Dhlakama respondeu que queria governar onde ganhava, Nyusi saiu em defesa do processo de descentralização.
O Presidente destacou que os moçambicanos “devem aprovar processo de descentralização” para fazer o país evoluir e haver unidade nacional. “Não podemos dizr que o que Dhlakama queria não está a acontecer”, afirmou, sob aplausos.