A economia mundial poderia se recuperar cerca de 4% em 2021, mas a quantidade de pessoas que vivem em situação de pobreza extrema não mudará, segundo postagem em um blog do Banco Mundial publicado nesta terça-feira (9), que mostra um cenário “particularmente preocupante” para a Índia.
Isso se dá principalmente por causa das taxas de crescimento dos países mais pobres, explicam os quatro autores dessa publicação, entre eles Andrés Castaneda Aguliar, do departamento de desenvolvimento económico do Banco Mundial.
A instituição, com sede em Washington, declarou na segunda-feira que o número de pessoas em situação de extrema pobreza pode aumentar este ano de 70 para 100 milhões, principalmente por causa do impacto económico da pandemia, frente aos 40 a 60 milhões estimados em Abril.
Esse aumento apagará o progresso dos últimos anos no que se refere à luta contra a pobreza e poderá dificultar a meta de por fim à pobreza extrema até 2030.
“A Nigéria, Índia e a República Democrática do Congo, três países que segundo nossos dados abrigam mais de um terço dos pobres do mundo, terão taxas de crescimento do PIB per capita, respectivamente, de -0,8%, +2,1% e +0,3%”, indicam os autores da postagem.
Considerando que, ao mesmo tempo, as taxas de crescimento populacional desses países sejam de 2,6%, 1% e 3,1%, “isso dificilmente é o bastante para uma redução significativa da pobreza”, acrescentaram.
Em uma publicação anterior, os especialistas mostraram que a África Subsaariana poderia ser a mais afectada em termos de número de uma população em extrema pobreza.
Desta vez, eles argumentam que a situação é “particularmente preocupante na Índia, que abriga muitas das pessoas pobres do mundo”.
A situação é “praticamente a mesma” para a África Subsaariana em comparação com as estimativas mais recentes.
Por outro lado, o sul da Ásia pode sofrer “um aumento adicional” no número de pobres devido à pandemia.
O Banco Mundial diz que as últimas estimativas de pobreza para a Índia datam de 2011-2012.
“Portanto, é muito difícil ter uma ideia precisa da extensão da pobreza antes da propagação da pandemia, e ainda mais hoje”, acrescentaram os economistas.
Com base nos níveis mais altos de pobreza, a distribuição regional de pessoas que ingressaram nesta condição “muda significativamente”.
Das 176 milhões de pessoas que vivem com US$ 3,20 por dia, dois terços estão no sul da Ásia.
Das 177 milhões de pessoas que sobrevivem com US$ 5,50 por dia, “muitos novos pobres estão no leste da Ásia e no Pacífico e poucos na África subsaariana, simplesmente porque poucas pessoas têm esse padrão de vida”.