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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Num aviso à Angola e à Nigéria, FMI apela aos países produtores de petróleo para reformas que impulsionem o crescimento “fraco”

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FONTE:Reuters

As nações da África Subsariana que dependem das exportações de matérias-primas precisam de reformar as suas economias para enfrentar o crescimento económico regional irregular, afirmou o Director do Fundo Monetário Internacional para África, Abebe Aemro Selassie.

A região deverá crescer 3,6% este ano, inalterado face ao ano passado e abaixo da previsão de abril de 3,8%, afirmou o FMI no seu último Panorama Económico Mundial divulgado esta semana, com as economias de matérias-primas a ficarem atrás das suas congéneres diversificadas.

Os países intensivos em matérias-primas estão a crescer a cerca de metade da taxa do resto da região, afirmou o FMI no relatório, sendo os exportadores de petróleo os que mais dificuldades enfrentam naquilo que descreveu como um crescimento regional “moderado e desigual”.

“a Nigéria e Angola estão neste campo”, disse Abebe à Reuters.

Embora se espere que economias diversificadas, como o Senegal e a Tanzânia, cresçam acima da média regional, a Nigéria ficará aquém, crescendo 2,9%, e Angola crescendo 2.4%, de acordo com as perspectivas económicas regionais do FMI para a África Subsariana, lançadas na sexta-feira .

“Tiveram desequilíbrios macroeconómicos muito grandes, desafios de financiamento que travaram o crescimento”, disse Abebe referindo-se a Angola e a Nigéria.

Abebe afirmou que disse ao governo da Nigéria que precisava de “enfrentar directamente” estes desafios, uma vez que causaram uma inflação elevada e pressionaram o custo de vida.
O governo do Presidente Bola Tinubu lançou uma série de reformas que afirma terem como objectivo impulsionar o crescimento económico e atrair investimento.

A África do Sul, cujo crescimento foi restringido por cortes de electricidade paralisantes, deverá crescer 1,1% este ano, disse o FMI.

Os conflitos armados também estão a pesar sobre o crescimento, afirmou o FMI, citando as exportações de petróleo do Sudão do Sul bloqueadas pelo conflito no vizinho Sudão, que acolhe o oleoduto de exportação de petróleo bruto.

“Eles (os exportadores de petróleo) precisam de encontrar novas fontes de crescimento, obter mais investimento do sector privado – por isso é importante trabalhar em reformas que facilitem isso”, disse Abebe.

Outros desafios enfrentados pelos produtores de petróleo africanos incluem a transição global para os combustíveis verdes devido às alterações climáticas, refere o relatório.

Previsões para 2025

O crescimento económico da África Subsariana deverá melhorar ligeiramente em 2025, para 4,2%, refere o relatório do FMI.

O relatório concluiu que quase metade das 20 economias com crescimento mais rápido no mundo este ano estavam na África Subsariana, mas advertiu que eram necessárias taxas de crescimento mais rápidas para reduzir a pobreza e as desigualdades generalizadas.

Um dos principais obstáculos a um crescimento mais rápido inclui a falta de acesso a financiamento acessível, afirmou o FMI, à medida que os países se debatem com pesados encargos de dívida e elevados custos de serviço da dívida.

Embora alguns países tenham conseguido vender obrigações nos mercados de capitais internacionais este ano, após um hiato de dois anos provocado por choques geopolíticos e taxas de juro elevadas em economias avançadas como os Estados Unidos, o novo financiamento teve um custo elevado.

“A antiga arquitectura de financiamento do desenvolvimento não está a dar resultados e, pelo menos, está em processo de desintegração”, disse Abebe, citando “níveis muito problemáticos” de financiamento bilateral oficial para os países pobres.

Para países como o Quénia, onde protestos mortais contra aumentos de impostos em Junho forçaram o governo a retirar a sua lei financeira para este ano fiscal, essa ajuda ao desenvolvimento vinda do exterior tem diminuído nos últimos anos, disse um alto funcionário da ONU à Reuters.

As soluções consistem em garantir que as nações pobres continuam a ter acesso a financiamento do desenvolvimento a baixo preço por parte dos credores bilaterais e multilaterais, afirmou Abebe.

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