Quase um ano depois da chegada do Coronavírus analistas angolanos consideram como sendo acertadas as medidas tomadas pelo governo para conter a contaminação pelo novo coronavírus do país mas dão nota negativa aos excessos cometidos pelos agentes da ordem nos primeiros meses da imposição do estado de emergência.
A acção da polícia, justificada com a necessidade de prevenir o contágio, resultou na morte de várias pessoas, entre as quais um médico e um estudante universitário, em circunstâncias ainda não esclarecidas.
O sociólogo João Lukombo diz que o surgimento dos primeiros casos da pandemia causou pânico no seio da população , que se viu confrontada com um isolamento social repentino para o qual não estava preparada.
“O estado de emergência foi um mal que veio por bem”, afirmou o acadêmico angolano.
Por seu turno, o historiador Silva Cabaça destaca a cerca sanitária que o governo impôs à cidade de Luanda antes mesmo do surgimento dos primeiros casos de circulação comunitária da Covid-19.
“Valeu a pena embora as pessoas não tivessem compreendido, à partida, que era para a sua própria segurança”, defendeu.
Para o activista social, Rafael Morais os excessos verificados na actuação da polícia durante o cumprimento das medidas preventivas “ foram reveladoras de violação dos direitos humanos em Angola”.
Angola notificou o primeiro caso de transmissão local do novo coronavírus a 27 de Abril, um mês depois de o governo ter decretado o Estado de emergência, que durou 60 dias.
As autoridades sanitárias prevêem vacinar 54 por cento da população, um total de 16.823.284 indivíduos maiores de 16 anos e, desde o dia 2 de Março, já imunizou mais de 130 mil pessoas contra a Covid-19.
O quadro geral do país, de acordo com a actualização feita esta segunda-feira, pelo Ministério da Saúde indicavam 22.132 casos positivos, com 534 óbitos, 20.380 recuperados e 1.218 activos. Dos activos, 6 em estado crítico, 8 graves, 36 moderados, 32 leves e 1.136 assintomáticos.