O banco central da Nigéria, na sua primeira reunião política desde julho, anunciou um aumento enorme nas taxas de juro para combater a inflação galopante e travar o colapso da moeda do país, num ambiente tenso com protestos sindicais em todo o país sobre os aumentos de preços que deixaram as pessoas lutando para satisfazer suas necessidades básicas.
A inflação atingiu quase 30%, o valor mais elevado em quase três décadas, impulsionada por uma queda acentuada da moeda naira, pela eliminação de um subsídio aos combustíveis, por défices fiscais e por conflitos em zonas produtoras de alimentos da nação mais populosa e da maior economia de África.
Os sindicatos que protestaram na terça-feira afirmaram que duas das principais reformas do presidente Bola Tinubu – permitir a desvalorização da naira duas vezes em menos de um ano e eliminar o subsídio aos combustíveis – estavam a tornar a vida das pessoas numa miséria.
O governador Olayemi Cardoso e os seus outros 11 colegas do comité de política monetária aumentaram na terça-feira a taxa de referência em 400 pontos base, para 22,75%.
Também reforçaram outras medidas de liquidez, aumentando o rácio de reserva de caixa de 32,5% para 45%, e ajustaram as faixas em torno das quais os bancos podem financiar e emprestar dinheiro. No futuro, o custo a que os credores contraem empréstimos será 100 pontos base acima da taxa de política monetária e o retorno dos seus depósitos será 700 pontos base abaixo desse valor de referência, face aos 300 pontos base anteriores.
A comissão decidiu agir com base “nas atuais pressões inflacionistas e cambiais, na inflação projetada e nas expectativas de inflação crescente”, disse Cardoso aos jornalistas numa conferência de imprensa em Abuja, a capital.
Cardoso disse que o Banco Central “reconheceu o compromisso entre a procura do crescimento da produção e a domesticação da inflação, mas estava convencido de que uma expansão duradoura da produção só é possível num ambiente de inflação baixa e estável”.
A moeda nacional, Naira, perdeu cerca de 70% do seu valor em relação ao dólar desde junho 2023. A depreciação deveu-se em grande parte a várias desvalorizações da moeda desde Junho do ano passado, como parte dos esforços para unificar as taxas de câmbio oficiais e não oficiais da Nigéria, numa tentativa de atrair investidores e resolver a escassez de dólares.
As reformas incluem a unificação do mercado cambial e a promoção de um mercado comprador e vendedor transparente.
O Presidente da Nigéria, Bola Tinubu, aliviou os controlos cambiais e eliminou os subsídios aos combustíveis pouco depois de ter tomado posse em Maio, para estimular o crescimento económico. As medidas foram aplaudidas por investidores internacionais, mas desencadearam protestos em várias das 36 províncias da Nigéria, no meio da fúria popular face ao aumento do custo de vida.
Por: Editor Económico
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