O ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, não aceitou prestar esclarecimentos esta quinta-feira, sobre a aquisição de dois edifícios para a instalação de serviços do seu pelouro, que foram alvo de denúncias, um dos quais alegadamente pertencente a um amigo do ministro Ricardo de Abreu, negócio considerado lesivo para o Estado.
Ricardo de Abreu, referiu que “não tem que comentar aquilo que a imprensa ou alguma imprensa se refere em relação a alguns actos do Presidente da República. Portanto, não tem nada a comentar sobre este assunto”, explicou.
O ministro falava à imprensa à margem de uma cerimónia, hoje, no Soyo, província Zaire, face ao lançamento do concurso internacional de concessão, construção, exploração e gestão comercial das Plataformas Logísticas do Soyo e do Luvo.
Na base está a aquisição de dois prédios em Luanda, no valor de 114 milhões de dólares, um equivalente a 96 milhões de euros, sendo esta compra autorizada mediante o despacho presidencial 159/21, para instalar serviços públicos do Ministério dos Transportes e da Agência Reguladora de Certificação de Carga e Logística de Angola.
Para o activista e jornalista, Rafael Marques, este negócio, não beneficia o Estado, e apelou à Procuradoria-Geral da República de Angola que investigue a aquisição que envolve a compra dos dois imóveis, um dos quais alegadamente pertencente a um amigo do ministro Ricardo de Abreu.
Questionado, se recebeu alguma notificação da justiça para esclarecer sobre o assunto, o ministro apenas respondeu que a justiça sabe o que fazer mediante o seu trabalho.
“Os órgãos de justiça nacionais sabem o que têm de fazer e trabalhar dentro daquilo que são as normas em vigor no nosso país”, sublinhou o governante.
Na alegada denúncia dirigida à PGR, a que a Lusa teve acesso, o activista e jornalista, que coordena o portal de denúncia, Maka Angola, entende que está em causa um negócio potencialmente lesivo para o Estado angolano.
Entretanto, dentre os pontos em evidência estão a incompatibilidade da compra de um dos edifícios para a função que se pretende, sendo que o valor “empolado da compra e venda” é excessivo.
Por outro lado, está também a amizade e relações de compadrio entre o ministro e o vendedor, Rui Óscar “Ruca” Ferreira Santos Van-Dúnem.
O Portal de Angola sabe que Ricardo Viegas D’Abreu e o empresário Ruca Van-Dúnem já trabalharam juntos num projecto musical denominado “Sem kigila” do músico Eduardo Paim, onde a sua veia compositora, e a paixão pela música marcou melodicamente os anos 90 onde chegou a ser um dos mais notáveis produtores, impulsionadores e defensores do género kizomba.