Israel indiferente aos apelos de cessar fogo. Netanyahu anuncia que quer desmilitarizar Gaza e está disposto a lutar até não haver Hamas
“Força total” até “não haver Hamas”. O exército israelita endurece ainda mais a ofensiva em Gaza e o primeiro-ministro esclarece os objetivos futuros. Benjamim Netanyahu quer acabar com qualquer capacidade militar em Gaza e por as autoridades israelitas a controlar a segurança no território.
“Posso dizer-vos o que não vai acontecer – não vai haver Hamas,” garantiu o primeiro-ministro israelita.
Questionado sobre o que entendia por controlo de segurança, Netanyahu disse que as forças israelitas devem poder entrar livremente em Gaza para procurar novos militantes do Hamas.
Rejeitou também a ideia de que a Autoridade Palestiniana, que atualmente administra áreas autónomas na Cisjordânia ocupada por Israel, venha a controlar Gaza. Ambas as posições vão contra os cenários pós-guerra apresentados pelo aliado mais próximo de Israel, os Estados Unidos. O Secretário de Estado Antony Blinken já veio dizer que Washington se opõe a uma reocupação israelita de Gaza e sugere um governo palestiniano unificado em Gaza e na Cisjordânia, como passo para a criação de um Estado palestiniano.
Apelos internacionais para um cessar-fogo imediato
Este sábado, na Arábia Saudita, 57 líderes muçulmanos e árabes apelaram também ao fim da guerra em Gaza e à entrega imediata de ajuda humanitária.
Pediram também ao Tribunal Internacional de Justiça para que abra uma investigação sobre os ataques de Israel, afirmando que a guerra “não pode ser chamada de auto-defesa”.
Israel recusa categoricamente quaisquer conversações de cessar-fogo, a menos que sejam libertados todos os reféns.
Por enquanto, disse Netanyahu, “a guerra contra (o Hamas) está a avançar com força total e tem um objetivo: vencer. Não há alternativa à vitória”.
Hospitais em Gaza sob fogo cerrado
A pressão sobre Israel aumentou ainda mais depois dos médicos do maior hospital de Gaza terem dito que o último gerador tinha ficado sem combustível, causando a morte de um bebé prematuro, de outra criança numa incubadora e de quatro outros pacientes. Milhares de feridos de guerra, pessoal médico e civis deslocados foram apanhados nos combates.
Nos últimos dias, os combates perto de Shifa e de outros hospitais no norte de Gaza intensificaram-se e os abastecimentos esgotaram-se. Os militares israelitas alegaram, sem apresentar provas, que o Hamas estabeleceu postos de comando dentro e por baixo dos hospitais, utilizando civis como escudos humanos. O pessoal médico do Shifa negou tais alegações e acusou Israel de ferir civis com ataques indiscriminados.
A Organização Mundial de Saúde revelou entretanto que perdeu a comunicação com os seus contactos em Shifa.