O Presidente angolano João Lourenço disse hoje, 24 setembro, que Angola é um exemplo de como se pode alcançar a paz para os diversos conflitos que assolam o mundo.
Falando na Assembleia Geral das Nações Unidas, João Lourenço disse que o seu país está “a colocar em benefício da paz em África a experiência adquirida por Angola com resolução do seu conflito interno que após várias décadas ficou resolvido de forma definitiva por via de um diálogo inclusivo entre as partes beligerantes”.
“Aprendemos com o nosso próprio conflito que não há paz sem diálogo e não há paz sem concessões de parte a parte”, disse o chefe de Estado angolano.
O discurso de João Lourenço a que se prolongou por cerca de 30 minutos abrangeu as diversas áreas de conflitos no mundo e ainda questões ligadas à política interna.
O Presidente angolano afirmou que em vez de caminhar em direção à paz os países membros parecem estar a afastar-se cada vez mais “dos princípios fundacionais da ONU”.
“Assistimos hoje a uma tentativa de se esvaziar de se ignorar ou mesmo substituir o papel e a importância das Nações Unidas na resolução das grandes questões que afligem a humanidade nomeadamente aquelas que têm a ver com a paz e segurança universais”, afirmou o Presidente que depois apelou à reforma do Conselho de Segurança da ONU que disse ainda refletir “a realidade do pós (segunda) guerra há muito utrapassada pelo tempo”.
A este respeito João Lourenço referiu-se também ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial, afirmando que as reformas de todas estas instituições é ncessária para dar voz “aos países do sul global”.
O chefe de Estado angolano abordou depois “a guerra da Rússia contra a Ucrânia” onde “não se vislumbra” uma solução militar e onde existe o perigo do conflicto se alastrar para toda a Europa.
Uma solução negociada deve estar baseada “na observância dos princípios das Nações Unidas que salvaguardem a soberania dos estados, a indivisibilidade e a integridade territorial dos países”.
João Lourenço abordou também o conflito crescente no Médio Oriente onde embora reconhecendo o direito de Israel se defender, Israel “por ter responsabilidades de um Estado tudo deveria fazer para evitar o genocidio a que o mundo assiste na Faixa de Gaza e os ataques dos colonos e expansão dos colonatos na Cisjordânia”.
O Presidente angolano abordou também os esforços de paz na mediação do conflito na República Democrática do Congo e criticou a “indiferença” internacional perante o conflito no Sudão mas foi na discrição do combate à corrupção pelo seu governo que ele reservou criticas duras a países não especificados por não devolverem fundos desviados para essas nações.
João Lourenço recordou que esses fundos deveriam ser devolvidos porque aqueles que exproriaram os bens foram condenados em tribunal e as suas sentenças confirmadas por tribunais de apelação.
“No que diz respeito à recuperação de ativos tivemos dois casos de sucesso em que contamos com a atitude bastante responsável e de respeito pela nossa soberania por parte das autoridades do Reino Unido que devolveram a Angola 2,5 mil milhões de dólares que estavam num banco em Londres sendo justo reconhecê-lo publicamente a partir desta tribuna mundial”, disse o Presidente angolano para quem muitos outros países se recusam a fazer o mesmo.
“Alguns desses países se arrogam mesmo ao direito de questionar a credibilidade dos nossos tribunais quase que querendo rever as sentenças emitidas pelos mesmos como se de órgãos de apelação extra territoriais se tratassem”, acrescentou o Presidente angolano para quem esses fundos poderiam ser usados na construção de infraestruturas como escolas.