Os nacionalistas do Processo dos 50 celebraram esta sexta-feira, em Luanda, 65 anos de existência com a deposição de coroas de flores ao sarcófago do fundador da Nação, Agostinho Neto, e do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
Agostinho Neto foi o primeiro Presidente de Angola livre e independente, ao passo que José Eduardo dos Santos é outra figura incontornável do Processo dos 50 que garantiu a integridade territorial.
Em declarações à imprensa, o nacionalista Diogo Ventura lembrou que a sua geração viveu os horrores do colonialismo e, por causa disso, quando chegou a oportunidade de lutar não tiveram receio de se alistar às correntes independentistas para acabar com o colonialismo e dar a independência ao país.
“Passados 65 anos em que os nossos mais velhos foram os primeiros a serem presos, estamos a lembrá-los hoje para dizer que não há presente sem passado, estamos aqui para transmitir às novas gerações que o país é nosso e temos que continuar a lutar por ele e pelo seu desenvolvimento”, exprimiu.
Já Amadeu Amorim, outro membro do Processo dos 50, caracterizou a continuação de uma luta pela qual “entregamos as nossas vidas para criar novas vidas”.
Lamentou, entretanto, o facto de o Governo dar mais ênfase à parte militar, “esquecendo-se que antes desta fase outros entregaram as suas próprias vidas para combater o colonialismo”.
Por outro lado, o político André Mendes de Carvalho, filho do nacionalista Agostinho Mendes de Carvalho, disse ter sido num dia como hoje (29 de Março de 1959) que a polícia política portuguesa (PIDE), responsável pela repressão de todas as formas de oposição ao regime político português, invadiu a casa do seu progenitor para o prender.
Notou que, a partir daí, iniciou a odisseia dos seus filhos que dependiam dele para o sustento da família.
Segundo o político, foi precisamente a partir dessa data em que se inicia todo esse movimento político mais organizado que vai dar ao (04 de Fevereiro de 1961, ao 15 de Março de 1961) e a luta de libertação nacional que se seguiu.
“Foi uma epopeia muito significativa que a nossa história deve registar e que os nossos jovens não podem de maneira alguma esquecer.” vincou.
Foi designado “Processo dos 50” um conjunto de três processos políticos que se iniciaram a 29 de Março de 1959 com as prisões de vários nacionalistas angolanos, terminando em 24 de Agosto do mesmo ano com a última prisão.
Deve-se esse nome ao facto de Joaquim Pinto de Andrade (alto dirigente do MPLA) ter enviado para o seu irmão que vivia no exterior, Mário Pinto de Andrade, um folheto denunciando a prisão de 50 nacionalistas.
O conhecimento das prisões dos 50 nacionalistas alertou varias pessoas ligadas ao movimento pela independência para a necessidade de agir, evitando a sua captura e iniciando as bases para o início da Luta Armada no dia 4 de Fevereiro de 1961, quando um conjunto de patriotas angolanos tomou de assalto as cadeias onde estavam os nacionalistas. DC/VIC