Aumentou para 510 o número de vítimas mortais da repressão militar em Myanmar contra os manifestantes que protestam contra o golpe de 1 de fevereiro, revelou a Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos.
O novo balanço da Associação de Assistência aos Presos Políticos (AAPP) tem em conta as vítimas mortais no último sábado (27.03), com pelo menos 110 mortos, incluindo sete menores, na sequência da repressão de manifestações em pelo menos 40 localidades.
A ONU também estima que pelo menos 107 pessoas morreram no sábado, durante manifestações pró-democracia que coincidiram com o tradicional “Dia das Forças Armadas”, celebrado tradicionalmente como uma demonstração de força por parte dos militares e que culminou numa grande parada em Naypyidaw, a capital administrativa do país.
A organização não-governamental (ONG) birmanesa AAPP disse ter verificado a morte de pelo menos 510 pessoas, incluindo estudantes e adolescentes, indicando que o balanço “é provavelmente mais elevado”.
Apesar da repressão, os manifestantes voltaram a sair às ruas na segunda-feira (29.03), dia em que foram mortas 14 pessoas, segundo a ONG.
ONU condena violência “absolutamente inaceitável”
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou esta segunda-feira (29.03) a violência “absolutamente inaceitável” registada em Myanmar no último fim de semana, o mais sangrento desde o golpe militar.
O Reino Unido pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, o órgão máximo das Nações Unidas), para a próxima quarta-feira.
Os 15 membros do Conselho de Segurança vão iniciar a sessão, que vai decorrer à porta fechada, com um briefing sobre a situação naquele país pela enviada da ONU, Christine Schraner Burgener, segundo indicaram fontes diplomáticas, citadas pelas agências internacionais.
A situação em Myanmar tem suscitado a condenação da comunidade internacional e desencadeado sanções visando a junta militar birmanesa. Os Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia (UE) decretaram sanções visando altas patentes das forças armadas birmanesas.
Os militares tomaram o poder em 1 de fevereiro por alegadas fraudes nas eleições de novembro passado, vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi. A prémio Nobel da Paz foi deposta pelos militares e detida, juntamente com grande parte do Governo civil.
Desde o golpe, a junta militar já prendeu mais de três mil pessoas.