Um dia após a sentença judicial, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) pede à Rússia que suspenda a decisão de extinguir a Memorial.
Das Nações Unidas aos governos de muitos países, as reações sucedem-se.
O presidente do conselho da Memorial foi uma das dezenas de pessoas que aguardaram o veredito à porta do tribunal em Moscovo. Alexander Cherkasov disse: “Temos vindo a dizer desde o início que a lei do “agente estrangeiro” – e estou a fazer citações aéreas novamente – não é legal e não deve ser apenas alterada, mas abolida porque foi concebida com o objetivo de estrangular a sociedade civil. Hoje recebemos outra prova disso. O tribunal validou hoje essencialmente os nossos esforços”.
Para o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken trata-se de uma “perseguição”.
A chefe da diplomacia britânica denuncia o que chama “um golpe arrepiante “para a liberdade de expressão na Rússia. Liz Truss escreveu: “Profundamente preocupada com a liquidação do grupo russo de direitos humanos “Memorial” pelos tribunais russos. O Memorial tem trabalhado incansavelmente durante décadas para assegurar que os abusos da era soviética nunca sejam esquecidos. O seu encerramento é mais um golpe arrepiante para a liberdade de expressão na Rússia”.
As Nações Unidas consideram que isto “vai debilitar ainda mais a minguante quantidade de defensores dos direitos humanos no país”, enquanto o porta-voz do governo alemão afirma: “A decisão do Supremo Tribunal de dissolver a organização não-governamental Memorial é mais do que incompreensível e contradiz as obrigações internacionais de proteção dos direitos civis fundamentais, que a Rússia também subscreveu. O Memorial é uma expressão da nossa autoimagem europeia comum para designar e processar claramente as violações dos direitos humanos”.
A “Memorial” relatou e denunciou as purgas estalinistas e depois as repressões na Rússia contemporânea de Vladimir Putin, antes de se tornar, ela própria, uma vítima.
A oposição denuncia motivações políticas, acusando o presidente Putin de querer ocultar os abusos cometidos pelo seu regime.