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Sábado, Novembro 23, 2024

MpD aponta “excesso de confiança” na perda da câmara da Praia

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O presidente do MpD admitiu hoje que o partido, no poder em Cabo Verde, precisa de “reforçar” a ação política, face à descida de 18 para 14 câmaras nas eleições municipais, incluindo a capital, Praia, por “excesso de confiança”.

Na primeira mensagem após as eleições municipais deste domingo, Ulisses Correia e Silva, que é também primeiro-ministro cabo-verdiano desde 2016, começou por destacar que o Movimento para a Democracia (MpD) mantém-se, ainda assim, como o principal partido autárquico do país, sublinhando que não é possível comparar resultados de eleições autárquicas com eleições nacionais, como as legislativas de 2021.

“A democracia funcionou e quando é assim temos de respeitar os resultados”, disse, em declarações aos jornalistas na sede do partido, na Praia.

MpD perdeu a liderança em cinco das 18 câmaras (e conquistou uma nova) que detinha nas eleições municipais deste domingo, incluindo a capital Praia, que passou para as mãos do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), que aumentou de duas para oito câmaras.

Com os resultados provisórios divulgados até agora pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Cabo Verde e pelas proclamações de vitória por parte dos candidatos durante a madrugada, o MpD continua a ser o principal partido autárquico, mas passou de 18 para 14 câmaras municipais em que lidera, enquanto o PAICV subiu de duas para oito câmaras municipais, igualmente com candidatos próprios.

“Iremos fazer a nossa análise dos resultados. Uma coisa que eu posso apontar é que creio que houve excesso de confiança, estávamos convencidos — assim como a maior parte de Cabo Verde — de que iríamos ter uma vitória na Praia, mas não faço projeções neste momento”, afirmou Ulisses Correia e Silva, confirmando que vai convocar uma reunião da comissão política nacional para analisar o desempenho do partido.

Os dois partidos (MpD lidera o Governo cabo-verdiano e PAICV a oposição no parlamento) voltam assim a ter a mesma relação de forças no poder autárquico anterior às eleições municipais de 2016.

Segundo dados oficiais às 11:00 locais (12:00 em Lisboa), com 97,5% das 1.386 mesas de voto apuradas, estas oitavas eleições municipais em Cabo Verde registaram uma taxa de abstenção de 41,6%.

Ulisses Correia e Silva admite que a abstenção foi elevada, “eventualmente” relacionada com os receios dos eleitores com a pandemia de covid-19, mas quer saber “exatamente o que se passou”, desde logo os “pontos fracos” do partido na Praia, que levaram à “surpresa” da derrota na capital.

Garantiu, contudo, que o MpD “continua forte” e que vai “demonstrar” isso nas legislativas, a realizar no primeiro trimestre de 2021, mas quer mais ação política: “Essencialmente, nós vamos ter é que reforçar a nossa ação política – sentimos isso – junto dos nossos militantes e dos nossos simpatizantes”.

Além da Praia, capital do país — cuja derrota foi assumida pelo atual autarcaÓscar Santos, ainda no domingo à noite -, o MpD perdeu para o PAICV, nestas eleições, as câmaras municipais de São Filipe (ilha do Fogo), Tarrafal, São Domingos e Ribeira Grande (Santiago), tendo conquistado a de Ribeira Brava (São Nicolau), que desde as eleições de 2016 era liderada por independentes.

MpD manteve ainda as câmaras do Sal, Maio, Brava, São Vicente (perdendo a maioria), Tarrafal (São Nicolau), Porto Novo, Paul e Ribeira Grande (Santo Antão), Santa Catarina (perdendo a maioria), São Salvador do Mundo, São Lourenço dos Órgãos e São Miguel (Santiago).

PAICV, além de manter as duas câmaras municipais que já detinha, em Santa Cruz (Santiago) e Mosteiros (Fogo), e de conquistar cinco ao MpD, também venceu a câmara da Boa Vista (embora com maioria na assembleia municipal do MpD), que antes estava nas mãos do independente José Luís Santos, que nestas eleições liderou a lista do MpD, tendo sido derrotado.

Ulisses Correia e Silva defendeu que é preciso “começar já a preparar a nova fase” do partido, mas em simultâneo “focar na governação” do país, num contexto de crise sanitária e económica provocada pela pandemia de covid-19.

“Estes resultados são uma motivação adicional para reforçarmos a nossa ação política”, afirmou o líder do partido.

Para esta votação estavam inscritos 337.083 eleitores, distribuídos por 1.386 mesas de voto em todo o arquipélago, um aumento de 34.073 eleitores (+11%) face às eleições municipais anteriores, em 2016.

Nas eleições de domingo concorrem ao mandato de quatro anos 65 listas às Assembleias Municipais e 64 às Câmaras Municipais, das quais 53 de partidos políticos (de quatro partidos) e 12 de grupos de cidadãos, segundo dados da CNE.

As últimas autárquicas aconteceram em 04 de setembro de 2016, em que o MpD venceu com os seus próprios candidatos 18 das 22 câmaras municipais, enquanto o PAICV ganhou duas e outras duas foram conquistadas por independentes.

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