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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Movimento Terceira Divisão promete queixa-crime contra a Polícia

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FONTE:DW

Organizadores da manifestação de apoio ao líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, realizada no princípio deste mês, acusam a Polícia de os ter raptado no dia da marcha.

Hammed Hata, Hitler Samussuco e Takbir Calielie são alguns dos ativistas que alegam ter sido “capturados” por elementos da polícia no sábado (03.04), horas antes da marcha pacífica que visou manifestar apoio ao líder do maior partido da oposição.

Adalberto Costa Júnior tem sido alvo de debates “caluniosos” na imprensa controlada pelo Governo angolano desde que assumiu a presidência a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), em novembro de 2019.

Segundo relatos, os ativistas detidos foram soltos nas proximidades da província do Kwanza Sul, a mais de 75 quilómetros da capital angolana. Os jovens dependeram de ajuda para regressarem às suas casas.

O coordenador do Movimento Terceira Divisão, Cheik Hammed Hata, diz que os agentes não exibiram ordem de detenção e nem explicaram os motivos da viagem à localidade da Barra do Kwanzas. O rapper e ativista diz que os polícias proferiram ofensas aos organizadores.

“Foi-nos retirado todos os pertences e depois passaram a intimidar-nos e a proferir insultos contra nós, incluindo agressões contra o Hitler Samussuco e colocaram-nos em quatro viaturas”, relata Hata.

Entre os promotores detidos também estavam outros manifestantes que chegaram cedo ao Largo da Santana, em Luanda, onde aguardavam pela chegada de outras pessoas.

E o ativista conta mais: “Colocaram-nos em quatro viaturas de marca [Toyota, modelo] Land Cruiser, e nos levaram até a Barra do Kwanza sem quaisquer informações. Não tínhamos telemóveis, comida e nem água. Deixaram-nos no meio do mato. Graças à pronta intervenção de alguns companheiros que deram conta da situação e dirigiram-se ao local e conseguiram nos resgatar. Chegamos às nossas casas por volta das 19h”.

 - portal de angola
Cheik Hammed Hata ao centro com o microfone<br >DR

Queixa-crime contra a polícia
Este tipo de ação da polícia não é algo novo. Ocorre sempre quando não há repressão violenta contra os manifestantes. A última vez ocorreu em fevereiro, com um grupo de ativista que exigia a libertação dos seus companheiros julgados alegadamente por invadirem a administração municipal do Cazenga durante uma manifestação contra o administrador Tomás Bica.

Os jovens também foram deixados nas proximidades da província do Kwanza Sul.

Segundo o ativista Cheik Hammed Hata, “o movimento hip Hop Terceira Divisão, por intermédio deste comunicado, denuncia este caso para não ficar impune como os outros gravíssimos, que vem desde a morte de Inocêncio Matos a 11 de novembro do ano passado, quando se encontrava em pleno exercício de cidadania e, recentemente, o jovem ativista M Stop, morto pela Polícia quando se solidarizava pela morte de um vizinho em Cacuaco”.

E o Movimento Terceira Divisão promete: “Nos próximos dias vamos intentar uma ação criminal contra a polícia nacional por entender que agiu à margem das suas competências, violando direitos e liberdades fundamentais plasmados na Constituição da República de Angola, na declaração universal dos direitos humanos”.

 - portal de angola
Takbir Calielie ativista angolano<br >DR

A razão da detenção?
O ativista Hitler Samussuco, que terá sido agredido, considera “bárbaro” o ato da polícia.

“Depois decidiram revistar as nossas mochilas e perguntei o porquê que estava a fazer aquilo, e um dos agentes disse que se calhar levávamos explosivos. Perguntei se foi ele que tinha colocado alguns explosivos e foi daí que me desferiu um soco no peito e procedeu com a minha detenção”, conta o jovem.

Takbir Calielie, um dos organizadores da marcha de apoio ao líder da oposição, desconhece até ao momento as razões da detenção de que foram alvos, uma vez que a marcha ocorreu e com a proteção da própria polícia.

“Não sabemos a razão da detenção, porque a manifestação aconteceu sem sobressalto”, afirma Takbir Calielie, membro da Terceira Divisão.

A DW África procurou a polícia angolana para prestar esclarecimentos, mas não obteve resposta.

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