A viver mais um período de fortes restrições no fornecimento de energia eléctrica, os cidadãos do município do Lubango, na província angolana da Huíla, e de circunscrições próximas voltam a queixar-se de um drama que parece perdurar no tempo.
Devido ao que a empresa nacional de distribuição de eletricidade (ENDE) chama de défice de potência, vários bairros chegam a ficar cerca de 11 horas por dia privados deste importante serviço para a indignação dos consumidores que chamam mesmo de uma vergonha o que se está a viver em pleno século 21.
“Estamos preocupadas com os cortes de energia, os produtos (perecíveis) estão a estragar na geleira, que estamos a deitar fora, estamos a pedir que o Governo vele por esta situação”, diz um morador enquanto outro lembra que “a energia faz 12 horas de iluminação e faz 48 horas de apagão e isso está muito mal e ainda assim dizemos que Angola tem tantas barragens tem tantos rios é uma pouca-vergonha para o nosso país”.
“A falha é muita, a energia não está a fazer mesmo nada, não adianta ter energia assim porque está mal mesmo e não há como!”, lamenta outro entrevistado da VOA.
Para a Associação Industrial de Angola, (AIA) na voz do seu representante na Huíla, Francisco Chocolate, as restrições no fornecimento de energia eléctrica têm um impacto negativo na afirmação de um dos maiores parques industriais do país.
Numa altura em que se fala da necessidade de grande aposta na produção nacional, com estas condicionantes fica difícil, segundo o também economista.
“Não se pode falar em produzir grandes quantidades tendo menor custo numa economia onde maioritariamente se produz utilizando geradores por falta de energia da rede. Uma realidade que prejudica exponencialmente o nosso tecido industrial”, afirma Chocolate.
As centrais térmicas de geração de energia eléctrica do Lubango com a fragilizada barragem hidroeléctrica da Matala estão longe de atender às actuais necessidades que rondam os cerca de 70 megawatts.
O governador da Huíla, Luís Nunes, atira para o primeiro trimestre de 2021 a solução dos problemas de luz no Lubango.
“Nós estamos a montar duas turbinas de 50 megawatts estamos a ver se até no primeiro trimestre de 2021 a malta consiga meter 50 megawatts em carga, mas agora estamos a fazer um esforça em conjunto o governo da Huíla e o ministério da energia e águas para ver se montamos uma turbina de 16 megawatts na central do Caminho-de-Ferro para reforçar a energia na cidade por altura do natal e vamos dar mais 15 megawatts do Namibe pelo menos para resolver o problema das festas”, promete.
Especialistas na área acreditam que a solução definitiva e sustentável do já velho problema do fornecimento de luz eléctrica no Lubango passa pela barragem de Laúca por via do ciclo combinado da província do Huambo.