Moradores de vários bairros do município do Lubango, na capital angolana da Huíla, realizaram mais uma manifestação no sábado, 12, para exigir melhorias no acesso aos serviços sociais básicos, como água e luz eléctrica.
Os protestos seguem-se a vários outros que vêm acontecendo nos últimos tempos, com os cidadãos, sobretudo dos bairros periféricos, a pedirem ao Governo solução para os diferentes problemas.
Manuel Gomes, um dos activistas, diz não compreender que em pleno século XXI, sejam tão gritantes os problemas de acesso à água.
“Cruzamos com pessoas e até crianças a andarem com coisas pesadas na cabeça por causa da falta deágua. Umas dizem que não conseguem cozinhar em condições e às vezes vão à escola, às igrejas, aos serviços sem tomar banho integralmente o que não é bom e água sendo o direito fundamental o estado tem que assegurar”, afirma.
A escassez de água acentua-se numa altura em que chove pouco, o que torna mais difícil a situação.
Para Manuel Gomes a falta de chuva não pode servir de justificação para quem governa e exige políticas públicas imediatas.
“Quando houve promessas eleitorais nenhum partido apareceu a dizer que teria como parceiro a chuva para a distribuição de água. O nosso Governo deve criar outras soluções não dependendo das chuvas e de forma imediata porque as pessoas estão a passar mal”, acrescenta Gomes.
Outro cidadão que não quis ser identificado lamenta que, apesar de ter canalização em casa, há muito que não vê o precioso líquido a jorrar, uma realidade que se estende por vários bairros.
“O Governo de Angola prometeu água para todos, mas já lá vão muitos anos que o projecto não se realiza, e por isso, queremos puxar a atenção dos nossos governantes para olhar para o povo. Sem água está difícil, aliás, água é vida”, lamenta.
O governador da Huíla admite que o problema de acesso a água por parte da população é nesta altura um assunto sério.
Não se sabe como, mas Nuno Mahapi defende investimentos a médio e longo prazo no sector para inverter o quadro, segundo ele agravado, com a irregularidade das chuvas.
“Os níveis de captação de água baixaram todos eles até 79 por cento, estamos numa situação extremamente difícil e complicado. Dependemos da natureza, mas devemos sim fazer investimentos para captarmos águas superficiais lá onde elas estão”, afirma.
Com o aumento da população e as fontes de água a serem as mesmas, especialistas têm defendido que uma solução definitiva passaria por buscar água ao rio Cunene que cruza a província da Huíla.