A Moody’s Ratings elevou a perspetiva de crédito do Brasil para positiva, citando a implementação de reformas estruturais que reforçaram as perspetivas de crescimento na maior economia da América Latina.
A melhoria das perspetivas contribui para o esforço do Brasil para recuperar o estatuto de grau de investimento que perdeu há quase uma década. A Moody’s classifica a pontuação de crédito do país em dois níveis, em Ba2.
“Um crescimento mais robusto combinado com um progresso contínuo, embora gradual, em direção à consolidação fiscal, pode permitir a estabilização do peso da dívida do Brasil”, escreveu o analista Samar Maziad num comunicado.
Um quadro fiscal apresentado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma tão esperada revisão do código tributário do país foram bem recebidos pelos investidores. Mas as medidas não dissiparam completamente os receios sobre a trajetória da dívida do Brasil e as perspetivas de crescimento económico a longo prazo.
Estas situações foram exacerbadas em Abril, depois de o Ministro das Finanças, Fernando Haddad, ter revelado uma meta fiscal menos ambiciosa para 2025, num contexto de maior pressão para a despesa pública.
Desde que reduziu o país para junk em 2016, a Moody’s mudou de perspetiva ao longo dos anos antes de afirmar a pontuação e a perspetiva estável em 2020 e 2022. A Fitch Ratings e a S&P Global Ratings elevaram no ano passado o Brasil para BB .
“Embora Lula possa não ser tão ortodoxo quanto o mercado gostaria, ele é uma pessoa conhecida e manterá a estabilidade macroeconómica”, disse Jared Lou , gestor de carteira de dívida de mercados emergentes da William Blair, em Nova Iorque. “Estamos otimistas com a trajetória.”
Apesar de o Brasil ter tomado medidas para reforçar a independência do seu banco central e implementar reformas laborais e fiscais em diversas administrações, a sua atual classificação Ba2 reflete a força fiscal relativamente fraca do país num contexto de elevado peso da dívida, de acordo com a Moody’s. Acrescentou que ainda existem riscos para a execução da consolidação fiscal.
Num comunicado após a decisão, o Ministério das Finanças do Brasil afirmou estar comprometido com uma trajetória sustentável para as contas públicas, incluindo a melhoria da arrecadação de impostos e a limitação da dinâmica das despesas. Haddad disse em post X que o Brasil tem “muito a fazer” para restaurar a credibilidade económica, social e ambiental.