O político Marcolino José Carlos Moco defendeu, hoje, na cidade do Huambo, a necessidade de se adequar os modelos governativos à realidade do país, para melhor resolução dos problemas sociais e económicos.
De acordo com a Angop, ao abordar o tema “Angola uma nova partida”, durante uma conferência realizada pelo projecto de cidadania “Jango cultural”, afirmou que a realização de eleições periódicas não deve continuar a ser vista, em Angola, como a única via de se resolver os problemas que afligem a nação.
Argumentou que o país está na sua quarta legislatura, mas a situação da sociedade angolana pouco melhorou a favor dos cidadãos, o que, na sua opinião, impôe a adopção contextual de novos modelos governativos.
“O país, infelizmente, continua a enfrentar os mesmos problemas resultantes da má governação do passado, embora se registe, desde as eleições de 2017, mudanças no novo governo em corrigir os erros antigos”, lamentou.
Para o antigo primeiro ministro de Angola e secretário executivo da Comunidade de Paises de Língua Portuguesa (CPLP), o recurso aos modelos de governação da Europa e América, sem um estudo prévio da realidade local, tem complicado, cada vez mais, a vida social e económica dos angolanos.
Dirigindo-se aos presentes na conferência, na sua maioria membros de partidos políticos, representantes de organizações da sociedade civil, professores e estudantes universitários, Marcolino Moco discordou da ideia reiterada de que as eleições multi-partidárias sejam um fim para a boa governação.
Aos jovens, o jurista, acadêmico e escritor apelou a apostarem na investigação para contribuírem no enquadramento da história real de Angola, tendo em conta as novas reformas em curso no país.
Enalteceu, ainda, a abertura da comunicação social em Angola, fruto das políticas do actual governo, um facto relevante para o reforço da participação dos cidadãos na vida pública, ao permitir o exercício livre de exprimir o seu pensamento.
Quanto às eleições autarquicas, que começam a ser implementadas em 2020, Marcolino Moco mostra-se pouco optimista que as mesmas possam vir a contribuir imediatamente para a melhoria da qualidade de vida da população.
Nascido na localidade de Chitué Mbala, no municipio do Ecunha, a 30 quilómetros da cidade do Huambo, Marcolino José Carlos Moco, que em Junho completa 66 anos, foi comissário das províncias do Huambo (1984/1986) e Bié (1986/1987), ministro da Juventude e Desportos (1989/1992).
Exerceu o cargo de 1º ministro da República entre 1992 a 1996 e o de secretário executivo da CPLP entre 1996 a 2000. Ocupa, desde Janeiro de 2018, o cargo de administradir não executivo da Sonangol.