O constitucionalista defende mudança no sistema do regime anterior por via de um debate dentro do MPLA e da sociedade civil, com vista à elaboração de uma estratégia geral e consensual para o país.
Antigo primeiro-ministro, Marcolino Moco manifesta-se “desiludido” com o rumo do país na actual governação de João Lourenço.
O académico, em exclusivo ao Novo Jornal, critica a metodologia adoptada para o funcionamento das instituições do Estado e a forma como está a ser levado a cabo o processo de combate à corrupção no país.
Apesar de reconhecer mudanças, alega que há falta de estratégia tendente a melhorias.
Sobre o combate à corrupção, em seu entender, “não passa de uma decepção”, uma vez que o poder político continua a interferir nos tribunais.
“Colocar esta questão do combate à corrupção no topo das prioridades do Executivo é uma perda de tempo. Se todos pertenciam a um mesmo regime de acumulação primitiva de capitais, então muitos dirigentes estariam na mesma condição que Augusto Tomás”, diz, acrescentando que, na era de José Eduardo dos Santos, já se apontava para uma transição pacífica, regularizando-se as instituições.
“É inadmissível que o país seja comandado por dois ou três iluminados que nos vão surpreendendo com esta ou aquela prisão seleccionada e exonerações não explicadas”, aponta.
Lamenta também a interferência política junto dos órgãos de Justiça, tendo tomado como exemplo o acórdão do Tribunal que proíbe a Assembleia Nacional de fiscalizar os actos do Titular do Poder Executivo.
“Os mecanismos são do tipo ocidental. As pessoas esquecem-se de que temos uma realidade própria, um Estado recente e que não podemos copiar, por isso que temos cometido muitos erros”, declara Marcolino Moco, para quem o combate à corrupção não é “uma questão de justiça, mas de política”.