Moçambique vai passar a contar com uma unidade anti-raptos e anti-terrorismo, cuja criação se enquadra no processo de reestruturação das Forças de Defesa e Segurança (FDS), que levou já à substituição dos ministros da Defesa e do Interior.
A onda de raptos é a principal preocupação dos empresários em Moçambique em termos de segurança, e dados oficiais indicam que neste ano foram raptadas nove pessoas.
Entre 2018 e 2021, o número de pessoas raptadas é de 30, maior parte das quais empresários e/ou seus familiares.
A unidade em criação integra um grupo de oficiais da Polícia da República de Moçambique (PGR) que estão a ser treinados para responder aos raptos nos centros urbanos e ao terrorismo no norte do país, que, de acordo com o chefe da polícia, Bernardino Rafael, têm um efeito bastante negativo.
“Provocam terror e metem medo aos moçambicanos, sobretudo à classe empresarial, sendo que é necessário aperfeiçoar as formas de combater e prevenir os raptos, tal e qual estamos a combater o terrorismo”, anotou o oficial da polícia.
A criação desta unidade insere-se no processo de reestruturação das Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas, que, segundo vozes críticas, “se tivesse sido desencadeado ontem, evitaria a má imagem que os moçambicanos têm das nossas forças e das nossas instituições”.
Vários analistas consideram que exemplos de que as coisas andam mal nas FDS e, sobretudo na Polícia, são vários, a partir do caos que se assiste ao nível, por exemplo, da Polícia de Trânsito, para além da maneira como os terroristas passeavam a sua classe em Cabo Delgado, antes da chegada das forças estrangeiras.
O jornalista Fernando Lima está de acordo com as vozes que defendem que as mexidas nas FDS já deviam ter começado há algum tempo, mas entende que é preciso ter em consideração situações muito sensíveis nas regiões centro e norte do país, “logo, está-se no momento apropriado para se fazerem essas mudanças”.
Os ministros da Defesa Nacional e do Interior foram exonerados no âmbito destas mudanças anunciadas pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.
Para as referidas pastas, forma nomeados Cristóvão Chume (Defesa) e Arsénia Felicidade Félix Massingue (Interior).