Comandante-geral da polícia de Moçambique anunciou a assinatura de um memorando de entendimento com as autoridades da Tanzânia que visa partilhar informação e reforçar as patrulhas para travar a insurgência terrorista.
“Estamos certos que o memorando que assinámos com a República da Tanzânia para reativar pontos fundamentais para a garantia da ordem e segurança pública do país vai marcar a diferença. A Tanzânia está pronta a trabalhar connosco e nós também estamos prontos para colaborar”, disse esta sexta-feira (20.11) Bernardino Rafael, comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), durante uma conferência de imprensa em Mtwara, sul da Tanzânia.
“Reunimos com as Forças de Defesa e Segurança da Tanzânia, trocámos informações em relação ao terrorismo, sobre a fronteira do rio Rovuma e a travessia dos terroristas”, afirmou. “Acordámos para que trabalhássemos em conjunto no sentido de controlarmos a fronteira. As forças de defesa moçambicana precisam de saber informações sobre os terroristas que actuam na nossa pátria amada que é Moçambique”, acrescentou.
Segundo Bernardino Rafael, o objetivo é trabalhar em conjunto com as populações que estão ao longo do rio Rovuma para denunciarem a possível movimentação ou travessia dos terroristas de um lado ao outro.
Moçambicanos entre os terroristas
Bernardino Rafael esteve reunido com o homólogo Simon Sirro durante esta sexta-feira (20.11), que lhe deu conta da detenção de um grupo de centenas de terroristas e colaboradores, no qual se incluem alguns moçambicanos.
“[As autoridades da Tanzânia] informaram-nos que, depois do ataque de Kitaya, detiveram 562 terroristas ou colaboradores de terroristas”, anunciou o responsável da polícia moçambicana.
“Queremos trabalhar também com os moçambicanos [detidos] para que eles nos digam o que pretendem fazer com o nosso país”, asseverou Bernardino Rafael.
Na quinta-feira (19.11), a polícia da Tanzânia deu conta da detenção de um número não especificado de pessoas que estava na iminência de se juntar aos militantes islâmicos que têm semeado o terror no norte de Moçambique. “Prendemos pessoas vindas de Kigoma, Mwanza e de outros lugares”, informou na altura o chefe da polícia Simon Sirro aos repórteres, referindo que os detentos, na maioria jovens, confirmaram a intenção de viajar para Moçambique.
A violência armada em Cabo Delgado está a provocar uma crise humanitária com cerca de duas mil mortes e 500 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba. Os ataques em Cabo Delgado começaram em 2017, mas viram a sua intensidade reforçada desde o início deste ano.
Cooperação ao mais alto nível
O Presidente reeleito da Tanzânia, John Magufuli, e o primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, encontraram-se no início de novembro em Dodoma para falar sobre a importância da cooperação bilateral e regional no combate ao “terrorismo”.
Segundo afirmou o governante moçambicano na altura à imprensa, “a paz e a estabilidade são determinantes para o desenvolvimento nos dois países e toda a região”.
Na ocasião, o primeiro-ministro avançou que os dois países estão conscientes de que devem estar juntos na luta pela estabilidade, paz e progresso, tal como aconteceu na luta contra o colonialismo português.