A ong Amnistia Internacional publicou num relatório esta semana testemunhas denunciando o racismo das operações de resgate das populações em Palma. Populares em fuga da localidade assolada por ataques terroristas denunciam ter ficado para trás na evacuação do Hotel Amarula onde teria sido dada prioridade aos brancos.
220 pessoas estavam refugiadas nesse hotel segundo Deprose Muchena, director regional desta organização não governamental, para a África oriental e austral.
Os 20 empreiteiros brancos teriam tido prioridade na evacuação por helicóptero perante cidadãos locais que tiveram de fugir por terra da localidade de Palma, próximo do complexo de gás da penísula de Afungi, gerida pela petrolífera francesa Total.
A organização denuncia a falta de coordenação entre as forças de segurança moçambicanas e a segurança privada do Dyck Advisory Group, que na altura prestavam assistência às forças de Maputo na operação.
Pedro Neto, director executivo da Amnistia Internacional em Portugal, pede uma investigação aos critérios e à lógica da operação de evacuação alegando que nunca deveriam ser critérios de etnia ou de origem a determinar a prioridade numa operação desta natureza.
“Este relatório foi feito com entrevistas a 11 pessoas que estavam nesse grupo e que nos relataram essas motivações racistas naquilo que foram os trabalhos de evacuação (…), helicópteros da Dyck Advisory Group evacuaram primeiro todos os funcionários brancos das empresas que estavam lá refugiados no hotel e só depois as outras pessoas: muitas pessoas locais, negras.”
A província de Cabo Delgado, rica em recursos naturais, deveria ser palco do maior investimento privado em África em torno do gás natural, empreendimento gerido pela Total.
O investimento ficou suspenso na sequência deste ataque. A região é palco de ataques de um grupo jihadista desde 2017 que reivindica a sua afiliação ao autoproclamado Estado Islâmico.