Humanos poderão permanecer na Lua por períodos longos ainda nesta década, disse um alto funcionário da agência espacial norte-americana Nasa à BBC.
Howard Hu, que lidera o programa aeroespacial Orion da agência, disse que habitats serão necessários para servir de base de apoio a missões científicas.
Ele disse, ao programa Domingo com Laura Kuenssberg da BBC, que o lançamento de quarta-feira (16/11) do foguete Artemis, que transporta a espaçonave Orion, foi um “dia histórico para o voo espacial humano”.
A cápsula Orion está atualmente a cerca de 134 mil quilômetros da Lua.
O foguete Artemis, de 100 metros de altura, decolou do Centro Espacial Kennedy — localizado no Cabo Canaveral, na Ilha Merritt, nos EUA — como parte de uma missão da Nasa que pretende levar astronautas de volta ao satélite da Terra após 50 anos.
No topo do foguete está a espaçonave Orion que, nesta primeira missão, não está tripulada, mas está equipada com um “manequim” que registra os impactos do voo no corpo humano.
O voo de quarta-feira ocorreu após duas tentativas anteriores de lançamento, em agosto e setembro, abortadas na contagem regressiva devido a problemas técnicos.
Hu disse que ver a Artemis decolar foi “uma sensação inacreditável” e “um sonho”.
“É o primeiro passo que estamos dando para a exploração do espaço profundo a longo prazo, não apenas para os Estados Unidos, mas para o mundo”, disse ele.
“E acho que este é um dia histórico para a Nasa, mas também é um dia histórico para todas as pessoas que amam o voo espacial humano e a exploração do espaço profundo.”
“Quer dizer, estamos voltando à Lua, estamos trabalhando em um programa sustentável e este é o veículo que levará as pessoas que nos levarão de volta à Lua novamente.”
Hu explicou que, se o atual voo da Artemis for bem-sucedido, o próximo será tripulado, seguido por um terceiro, no qual os astronautas pousariam na Lua novamente pela primeira vez desde a Apollo 17, em dezembro de 1972.
A missão atual está indo bem, disse ele à BBC, com todos os sistemas funcionando e a equipe da missão se preparando para o próximo disparo dos motores da Orion (o que é conhecido como queima) na segunda-feira (21/11), para colocar a espaçonave em uma órbita distante da Lua.
Segundo Hu, assistir à missão da Terra faz ele se sentir como um pai ansioso, mas ele disse que ver as imagens e os vídeos da Orion “realmente dá aquela emoção e a sensação de ‘uau, estamos voltando para a Lua’.”
Uma das fases mais críticas da missão Artemis I será levar o módulo Orion com segurança de volta à Terra. Ele entrará novamente na atmosfera do planeta a 38.000 km/h, ou 32 vezes a velocidade do som, e o escudo em sua parte inferior será submetido a temperaturas próximas a 3.000°C.
Uma vez que a segurança dos componentes e sistemas da Artemis tenha sido testada e comprovada, Hu disse que o plano é ter humanos vivendo na Lua “nesta década”.
Uma grande parte da razão para voltar à Lua é descobrir se há água no polo sul do satélite, acrescentou, porque isso pode ser convertido para fornecer combustível para naves que irão mais fundo no espaço — para Marte, por exemplo.
“Vamos enviar pessoas para a superfície [da Lua] e elas vão viver nessa superfície e fazer ciência”, disse Hu.
“Será realmente muito importante para nós aprendermos um pouco além da órbita da nossa Terra e depois dar um grande passo quando formos a Marte”, completou.
“E as missões Artemis nos permitem ter uma plataforma sustentável e um sistema de transporte que nos permite aprender a operar nesse ambiente de espaço profundo.”
A cápsula Orion deve voltar à Terra em 11 de dezembro.
BBC
Por Rob Corp