Os projectos de petróleo e gás vão continuar em Moçambique, apesar dos últimos e violentos ataques terroristas ocorridos na vila de Palma no dia 24 de Março. A garantia é do Ministro da Defesa que assegura também que as forças de segurança estão no terreno para devolver a paz e a tranquilidade à população.
Quase três semanas depois dos ataques terroristas à vila sede de Palma, em Cabo Delgado, o Ministro moçambicano da Defesa quebrou o silêncio e deixou uma garantia. “O projecto de gás não está ameaçado, vai continuar porque as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, as Forcas de Defesa e Segurança estão a fazer tudo para garantir a segurança daquela região e de outras partes do país”, declarou Jaime Neto.
Estas declarações governamentais surgem 10 dias depois de o gigante francês dos hidrocarbonetos Total ter suspendido as suas actividades e retirado por completo os seus funcionários da península de Afungi, a poucos quilómetros de Palma, onde estava a implementar aquele que é considerado um dos mais ambiciosos projectos de exploração de gás do continente africano, com um orçamento de 60 biliões de Dólares.
Noutra vertente, o governante indicou ter estado recentemente no Teatro Operacional Norte e que depois da recuperação da Vila de Palma, as autoridades pretendem criar condições para que os serviços do Estado voltem a funcionar. Ao reconhecer o impacto do ataque de finais do mês passado, Jaime Neto referiu que o balanço humano e material do sucedido ainda está a ser avaliado.”Houve perca de vidas que nós lamentamos bastante mas o trabalho de levantamento está sendo feito por forma a apurar e ver qual é o passo seguinte que vamos tomar para repor o funcionamento dessas instituições todas vandalizadas”, declarou o Ministro.
O número real de mortos dos ataques de Palma ainda não é conhecido. A ONU estima que desde o começo em 2017 das violências em Cabo Delgado, os ataques tenham provocado mais de 2 mil mortos e mais de 700 mil deslocados. Uma parte substancial dos refugiados internos concentra-se na zona de Pemba, a capital provincial, em condições extremamente precárias. Na passada terça-feira, o Programa Alimentar Mundial reclamou uma ajuda de 82 milhões de Dólares para apoiar as populações sinistradas e sob a ameaça de fome.
No campo das consequências materiais dos ataques, o FMI teceu hoje advertências sobre o impacto negativo da violência em Cabo Delgado sobre a economia do país.
“A não ser que se lide com isto de forma apropriada, o conflito vai ter uma influência importante na evolução da economia e na produção de gás, da qual o país quer depender doravante, é preciso que isto seja resolvido o mais rapidamente possível”, avisou Abebe Aemro Selassie, director do departamento africano do FMI.
Por sua vez, de acordo com dados divulgados hoje pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), os ataques armados destes últimos três anos e meio na zona norte provocaram prejuízos de 209 milhões de Dólares e levaram ao encerramento de 1.110 empresas.