26 C
Loanda
Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Ministério Público do Rio apresenta recurso contra anulação da quebra de sigilo de Flávio Bolsonaro no caso das ʽrachadinhasʼ

PARTILHAR
FONTE:O Globo

O Ministério Público (MP) do Rio recorreu, neste sábado, da decisão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que anulou os dados das quebras de sigilo fiscal e bancário do caso das “rachadinhas” no antigo gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. A promotoria pede que o caso seja discutido pelo Supremo Tribunal Federal (STJ). Em fevereiro, o STJ tornou inválidas, por falta de fundamentação jurídica, as provas obtidas pela promotoria, com autorização do Tribunal de Justiça (TJ) fluminense. Assim como o MP, o Ministério Público Federal (MPF) também apresentou, na semana passada, recurso extraordinário ao STF para tentar reverter o quadro.

Com a decisão da Quinta Turma, foram transformadas em ilegais as informações sobre Flávio e de mais cem pessoas e empresas suspeitas de envolvimento no caso, entre elas a mulher do político, Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, e o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz. O levantamento foi feito a partir de duas decisões do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do TJ do Rio, proferidas em abril e junho de 2019. O magistrado acabou afastado do caso após o senador conquistar o benefício do “foro privilegiado”.

Para os ministros do STJ, que acataram um pedido da defesa de Flávio Bolsonaro, Itabaiana precisaria ter fundamentado com maior profundidade a necessidade de repassar o MP os dados em questão, o que foi feito de maneira sucinta pelo juiz. Hoje, o caso é julgado pelo Órgão Especial do TJ do Rio, formado por 25 desembargadores.

Em outubro do ano passado, o MP ofereceu a esse colegiado uma denúncia contra Flávio, Fernanda, Queiroz e outras 14 pessoas que teriam participado da operação para desviar salários pagos pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Ainda sem análise do Judiciário, as acusações de peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e apropriação indébita foram formuladas a partir de diversas diligências, incluindo uma série de mandados de busca e apreensão. Todas elas sucederam as quebras de sigilo, agora anuladas, o que deve trazer prejuízos para a investigação.

Juristas ouvidos pelo GLOBO após a anulação decidida pela Quinta Turma avaliaram que, embora ainda seja possível aos promotores solicitá-las novamente à Justiça, o desfecho do caso das “rachadinhas” será atrasado, com risco de que provas importantes não consigam ser recuperadas. A denúncia do MP pode, inclusive, perder força e, com isso, corre o risco de sequer ser aceita pelo Órgão Especial. A reversão desse cenário acontecerá se os recursos do MPF e do MPF forem acatados nas próximas semanas.

Pedidos rejeitados

Além da anulação das quebras de sigilo, a defesa de Flávio também buscou o STJ para tentar invalidar relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que embasam as investigações e a totalidade das defesas de Flávio Itabaiana. Os dois pedidos foram negados pela Corte.

A defesa de Queiroz também apresentou recurso e conquistou, na última semana, a soltura dele e da mulher, Márcia de Oliveira Aguiar. O casal cumpria, em regime domiciliar, mandados de prisão preventiva autorizados pelo TJ do Rio. Ambos teriam agido para atrapalhar as investigações.

A soltura, nove meses depois, também foi autorizada pela Quinta Turma. Os ministros entenderam que as detenções violavam a Lei Anticrime, que determina a renovação, através da Justiça, das ordens de prisão preventiva a cada 90 dias.

spot_img
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
spot_imgspot_img
ARTIGOS RELACIONADOS

Alegada detenção de Procurador guineense apanhado com droga em Lisboa.

O caso da detenção do Procurador da República, Eduardo Mancanha, alegadamente apanhado com droga em Portugal está a suscitar...

E se António Costa não for acusado? “Seria a descredibilização total do Ministério Público e da sua investigação”

Os procuradores do Ministério Público não podem, individualmente, ser legalmente responsabilizados. Mas no caso de o processo se revelar...

António Costa demite-se: “Obviamente”

O primeiro-ministro apresentou a demissão ao Presidente da República, que aceitou. A decisão surge na sequência das buscas efetuadas...

Há ou não interferências na Justiça angolana?

Associação dos Magistrados do Ministério Público denuncia interferências que colocam pressão sobre os magistrados, que ficam entre a 'espada...