Constituindo cerca de 0,1% da crosta terrestre, o manganês é amplamente distribuído em toda a superfície do planeta, tornando-se o 12º elemento e o 5º metal em abundância. Seu nome tem origem na palavra latina magnes, que significa ímã, pois quando se associa com outros metais como alumínio, cobre e antimônio, o produto final é magnético.
Massa botrioidal brilhante de pirolusita de Três Cruzes, Brasil (Crédito: Aram Dulyan)
O manganés é um metal muito duro, quebradiço, de cor cinza esbranquiçada, encontrado na natureza em uma grande variedade de minerais, mas nunca de forma isolada. É vital nas funções metabólicas para a vida humana e animal e tem utilização em ligas na produção de aço e até em latas de refrigerante mais finas e resistentes.
Há registros de uso deste metal desde a Idade da Pedra, quando os artistas de pinturas rupestres usavam dióxido de manganês em suas artes. Nos períodos egípcios e romanos antigos, compostos de manganês já eram utilizados para dar cor ao vidro e, durante os séculos XVI a XIX, estudos químicos constataram que ele conferia mais dureza ao aço.
O Serviço Geológico dos EUA (USGS) considerou o manganês um “mineral crítico” por ser essencial para a economia e existir riscos na interrupção no seu fornecimento. Além de ter importância crescente por sua utilização cada vez maior em tecnologias emergentes, o manganês não tem substituto satisfatório em suas principais aplicações.
Ele é o quarto metal mais negociado no mundo, após alumínio, ferro e cobre. Cerca de 90% do consumo mundial de manganês é destinado à indústria siderúrgica. Entre as suas principais aplicações atualmente é utilizado:
- na produção do aço, para lhe conferir maior dureza e flexibilidade;
- em outras ligas ferromagnéticas;
- em despolarização de pilhas secas;
- no controle da coloração através da eliminação de impurezas do vidro e na coloração de plásticos, revestimentos em pó, esmaltes artísticos e cosméticos;
- como bactericida e algicida no tratamento de água e efluentes e como oxidante na síntese química orgânica;
- em alguns fertilizantes;
- em suplementos multivitamínicos e
- em tecnologias para energias limpas.
Na produção do aço, o manganês remove oxigênio e enxofre quando o ferro é processado. A quantidade utilizada por tonelada de aço varia de 6 a 9 quilos, sendo aproximadamente 30% desta quantidade usados durante o refinamento do minério de ferro e o restante como liga no produto final.
Veículos elétricos e aplicações para armazenamento de energia exigirão cada vez mais quantidades significativas de manganês de alta qualidade.
Reservas
Geralmente com teores que variam de 15% a aproximadamente 50%, osminérios de manganês, para se formarem, requerem um sistema geoquímico que concentre o manganês em cerca de 150 a 500 vezes a sua quantidade crustal média. Para tanto, são necessárias condições que evitem a concentração do ferro com o qual o manganês compartilha muitas semelhanças químicas. Praticamente todos os corpos de minério de manganês resultaram de transporte em soluções de água.
O manganês elementar se combina com oxigênio, carbono e silício para formar uma longa lista de minerais. Os mais comuns são óxidos e carbonatos. Entre os óxidos, a pirolusita e o criptomelano são os mais relatados, embora não necessariamente os mais volumosos. Os carbonatos mais comuns são rodocrosita e kutnohorita. Ainda podem ser citados, como minerais de manganês, o manganito e a braunita e ele também pode ocorrer em mineraloides como psilomelano e wad.
(Clique em cada imagem para vê-la ampliada)
As imagens acima mostram os seguintes minerais de manganês:
- Braunita: Amostra (1,7 x 1,6 x 1,1 cm) da mina de Wessels, África do Sul(Crédito: Rob Lavinsky).
- Criptomelano: Amostra (aproximadamente 6 cm na maior dimensão) da mina de Genebra, Michigan, EUA (Crédito: Mike Beauregard).
- Rodocrosita: Cristal (5,2 x 4,2 x 2,3 cm) da mina de Sweet Home, Colorado, EUA (Crédito: Rob Lavinsky).
- Kutnohorita: Amostra (4.7 x 3.4 x 3.0 cm) com aglomerado de Kutnohorita da mina de Wessels, África do Sul (Crédito: Rob Lavinsky).
A maioria dos minérios de manganês é proveniente de extensas camadas de rochas sedimentares que se formaram em oceanos antigos, quando mudanças no estado de oxidação da água oceânica causaram altas concentrações de manganês dissolvido. Nódulos e crostas de ferromanganês do fundo de diversos oceanos podem se tornar fontes adicionais de manganês se se mostrarem econômica e legalmente viáveis, já que a maioria está depositada em águas internacionais.
As reservas globais de manganês, nas condições atuais, podem atender o consumo mundial por muitas décadas. Essas reservas estão distribuídas de forma desigual geograficamente e relativamente poucos países têm elevadas produções. As maiores reservas de manganês no mundo estão localizadas na África do Sul, na Ucrânia e no Brasil.
Reservas mundiais de manganês (metal contido) por país em 2017 (USGS)
Produção
A mineração de manganês evoluiu de métodos primitivos para tecnologias avançadas, possibilitando progressos, como o aumento na produção e a redução de resíduos químicos.
No Brasil
A exportação brasileira de manganês somou, de janeiro a agosto de 2017, US$ 221,9 milhões, representando um acréscimo de 27,1% em relação ao mesmo período de 2016.
As principais mineradoras brasileiras de manganês, em 2016, estão listadas na tabela a seguir.
Mineradora
|
UF
|
Participação*
|
Vale Mina do Azul S.A.
|
MG, PA
|
47,65%
|
Mineração Corumbaense Reunida S.A.
|
MS
|
23,93%
|
Mineração Buritirama S.A.
|
PA
|
23,02%
|
Brasil Manganes Corporation Mineração S.A.
|
RO
|
2,25%
|
Recursos Minerais do Brasil S.A.
|
PA
|
0,72%
|
Manganês Congonhal Ltda.
|
MG
|
0,56%
|
Ferlig Ferro Liga Ltda.
|
MT
|
0,51%
|
O manganês teve destaque no superávit da balança comercial brasileira em outubro de 2018. Porém, a produção de manganês da Vale sofreu uma redução de 8,3% em relação a 2016, alcançando 2,2 milhões de toneladas de metal contido em 2017. Na Mina Azul, da Vale, em Parauapebas, PA, a redução foi de 16,4%, tendo lavrado 1,4 milhão de toneladas. Esta queda foi ocasionada pela menor quantidade do metal contido no minério produzido.
Entretanto, o potencial mineral brasileiro e a nova regulamentação da mineração estão atraindo crescentes investimentos estrangeiros. Um exemplo, é o plano de expansão no Brasil da Maxtech Ventures. Esta empresa canadense desenvolve projetos de manganês em Santana do Pirapama, em Minas Gerais, e em Brasnorte, no Mato Grosso.
Olhando para o futuro, vemos na tabela a seguir os principais estados brasileiros quanto à quantidade de títulos minerários para manganês em 2018.
Estado
|
Concessões de lavras ativas
|
Requerimentos de pesquisa
|
Alvarás de pesquisa
|
MG
|
39
|
–
|
8
|
BA
|
37
|
10
|
38
|
RN
|
3
|
6
|
4
|
PA
|
–
|
7
|
6
|
RR
|
–
|
15
|
–
|
Outros
|
15
|
3
|
7
|
Total
|
94
|
41
|
63
|