Militares prenderam o primeiro-ministro do Sudão, Abdallah Hamdok, quatro ministros e um membro do Conselho Soberano, que controla o Governo civil de transição. Eles também cortaram o acesso à internet e bloquearam pontes que dão acesso à capital Cartum, no que o Ministério da Informação classificou como um golpe de Estado.
Em resposta, milhares de pessoas saíram às ruas de Cartum e Omdurman, a segunda maior cidade do país, para protestar contra o aparente golpe militar.
Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram manifestantes a bloquear vias e a incendiar pneus, enquanto são reprimidos por forças de segurança que usam gás lacrimogéneo.
Há informações de vários feridos, mas desconhece-se o local para onde foi levado o primeiro-ministro Hamdok.
Logo após o golpes, as reacções não se fizeram esperar com os Estados Unidos a dizerem que estão “profundamente preocupados” com a situação e alertaram que “qualquer mudança no Governo de transição põe em perigo a ajuda americana”.
O enviado da ONU ao Sudão, Volker Perthes, afirmou estar “muito preocupado com os relatos de um golpe” e apelou “às forças armadas para que libertem imediatamente os detidos”, considerando as detenções “inaceitáveis”.
A Liga Árabe exortou ao diálogo e expressou a sua “profunda preocupação” com a situação, ao mesmo tempo que pediu “todas as partes a respeitar” o acordo transitório de divisão do poder estabelecido em 2019 após a derrubada do ditador Omar al-Bashir, num comunicado em que cita o seu secretário-geral Ahmed Aboul Gheit.
Por seu lado, o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki, disse que “soube com grande consternação a grave evolução da situação no Sudão” e pediu “a retomada imediata das consultas entre civis e soldados”.
A Comissão Europeia, por sua vez, apelou à “rápida libertação” dos líderes civis do governo do Sudão e “que os meios de comunicação não sejam dificultados para permitir que os necessitados sejam alcançados”.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, apelou à comunidade internacional “para colocar a transição sudanesa de volta aos trilhos” da democracia.