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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

México tece os fios de política a favor das comunidades ancestrais

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Centenas de artesãos têxteis de todas as culturas ancestrais do México exibem seus desenhos até domingo (20), durante uma “semana de moda” realizada na capital por iniciativa do governo, que tece os fios de sua política em favor das comunidades carentes.

O primeiro dos sete desfiles noturnos de quinta-feira (17) deu o tom da segunda edição de “Original, o encontro da arte têxtil mexicana”: “Huipiles” (blusas tradicionais) dos tzotzils de Chiapas (sudeste), padrões bordados de Michoacán (oeste) e “guayabera” (camisa social bordada para homens) de Oaxaca (sul).

Entre os expositores, Carlos Alberto Delgado Martínez chegou para revelar os segredos de sua arte. “A elaboração de cada produto é uma herança dos nossos antepassados. Cada peça tem um significado. Cada bordado tem uma explicação”, disse.

Cerca de 500 artesãos desfilam suas coleções na passarela e nos corredores do centro cultural de Los Pinos, antiga residência oficial dos presidentes, reaberta ao público em 2019, quando Andrés Manuel López Obrador chegou ao poder.

Assim como na primeira edição, realizada em 2021, “Original” pretende combater a barganha de preços, a apropriação cultural e o “plágio” de padrões e bordados de artesãos mexicanos por parte das principais casas de moda.

“Não nos opomos a que (as grandes casas de moda) usem desenhos de origem pré-hispânica”, disse o presidente López Obrador em sua habitual coletiva de imprensa diária nesta sexta-feira (18). “Mas que reconheçam seu trabalho intelectual, sua criatividade, que não haja plágio e que cheguem a um acordo com os criadores”, defendeu.

“Original” é a vitrine cultural de uma política governamental que pretende romper com “36 anos de neoliberalismo” e a “máfia do poder”, em benefício dos mais pobres, que muitas vezes pertencem a comunidades indígenas.

“O governo mexicano tem uma política de dignificação dos povos originários, dos povos indígenas”, disse à AFP o porta-voz do presidente, Jesús Ramírez Cuevas, um dos arquitetos do “4T”, a quarta transformação que López Obrador pretende realizar. Seu plano segue a independência, de 1821, as reformas liberais de 1857 e a Revolução de 1910-1917.

“O México não seria o que é sem seus povos indígenas. É hora de eles terem um papel central na construção da identidade (do país)”, acrescenta. “Hoje reconhecemos sua arte, a arte popular da tradição, que se combina com a modernidade”, completou.

A Secretaria de Cultura defende “princípios de colaboração ética”, ou seja, trabalho sem intermediários com artesãos da comunidade, respeito da intelectual coletiva, reconhecimento dos criadores e de sua cultura, entre outros.

A responsável pela pasta, Alejandra Frausto, também lidera uma batalha contra o leilão de objetos pré-hispânicos na Europa.

“O patrimônio do México não é um item de luxo. Já repatriamos cerca de 10 mil peças”, disse a Frausto.

“Quer comprar alguma arte mexicana? Compre essa que está viva”, finaliza, apontando para as modelos que encerram o desfile.

AFP

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